A maioria das pessoas que começam a tomar algum remédio do “tipo novidade” procuram informações na bula, óbvio. A bula dos remédios é tipo um manual de instruções que mostra tudo a respeito daquele medicamento, composição química, doses, prós e contras de usar. Mas, não te ensina a usar (que é o papel de quem prescreveu).
Aliais, qualquer tratamento tem a sua “bula”, sendo cirurgia, massagem, eletroterapia, psicoterapia ou aplicar uma bolsa de gelo. Na verdade, estas informações sobre os efeitos, riscos ou contra indicações ficam meio implícitas e da boca pra fora. Por exemplo, vocês sabiam que uma minoria das pessoas que recebem manipulação no pescoço (mais ou menos 1%) podem romper um vaso sanguíneo do pescoço? Desmaiar ou até mesmo ter um derrame? Pois é, ocorre de 1.5 vezes a cada 1 milhão de manipulações. Apesar desta ser uma informação que causa impacto, não está escrita na mão do terapeuta. Precisa haver consentimento sobre o que é prescrito.
A bula existe para informar ao paciente sobre o tratamento. Porém, as informações escritas na bula apesar de extremamente necessárias, podem dificultar demais a adesão à aquele tratamento, além claro dos termos técnicos bizarros e potencialmente perigosos ao olhar humano.
Remédios para a dor são para a dor, certo? Sim e não. Vários remédios diferentes são usados no alivio da dor, mas não foram criados para tal fim. Os analgésicos são remédios para aliviar a dor, este é o caso mais fácil. E quando é prescrito um antidepressivo? Um relaxante muscular tipo “Bob Marley”? Ou um rivotril da vida? E o anticonvulsivante gabapentina ou pregabalina?
Todos estes remédios esquisitos são propostos para o alivio da dor, porém mexem com o equilíbrio do sistema e tem efeitos muitas vezes indireto no alivio da dor. Por exemplo, um relaxante muscular “heavy metal” ajuda a reduzir a tensão muscular em todo o corpo. Se a dor estiver relacionada aos músculos, o alívio deve ocorrer. Já os anticonvulsivantes tentam controlar o curto circuito no sistema nervoso, podendo trazer alívio da dor.
Por isso que, nos últimos anos, vários destes remédios são prescritos ao mesmo tempo para os pacientes com dor, numa tentativa de “cercar a dor” de todos os lados. Chamamos isso de terapia multimodal.
Afinal, ler ou não ler a bula? A leitura gera conhecimento e educação, sendo importante para o auto conhecimento do problema dor. Se eu tiver que tomar um remédio que não conheço, com certeza, vou ler a respeito. Quem vai tomar o remédio sou eu, né?
Dúvidas? Reclamações? Use a consulta com o profissional e não o grupos no facebook. Consulta virtual é proibida por lei e atrapalha mais do que ajuda.
Artur Padão