Voltando a época do Titanic, todos já ouviram sua história do triunfo a tragédia. O Titanic bateu em um iceberg durante sua viagem de estréia e o resto vocês já sabem. Pelos relatos, o iceberg era pequeno, tinha apenas uma ponta. Porém, abaixo da água era gigante e perfurou o casco do navio perfeito, que tinha a fama de não afundar jamais.
A queixa principal é como a ponta dos iceberg quando o assunto é dor crônica. A queixa de dor é a ponta de muitos icebergs, que escondem sua grandeza abaixo da água, ou seja, é apenas o começo de uma dolorosa história que perpetuam a dor, causam dor e/ou amplificam a dor.
Um exemplo bem recente foi da Dona Ju, que me procurou por um motivo corriqueiro: seu corpo está curvando para frente e queria sua postura de volta. Fisioterapeutas estão acostumados a prescrever tratamentos para melhorar as posturas e recuperar a função muscular. Essa era a ponta do iceberg de Dona Ju. E o que estava por debaixo do pano gelado?
Consultas médicas regulares
Dores em outras partes do corpo
Problemas gastrointestinais sem causa aparente
Depressão e cara de muito triste
Redução de suas atividades
Sedentária
Alimentação irregular
Controlada pela família
Sente-se isolada do mundo
A complexidade da dor crônica é a profundidade de um iceberg. A ponta do iceberg esconde o seu real tamanho, sempre uma surpresa kinder ovo. É claro que mergulhar e observar o iceberg de baixo da água é uma opção, mas cuidado terapeuta. Ninguém quer derreter o gelo pois essa é a estrutura da vida das pessoas com dores crônicas. Queremos sim ajudar os pacientes a navegar da melhor forma possível e reduzir o iceberg, mantendo sua flutuação e seguindo seu curso.
Vamos aprender dor crônica com o Titanic: nunca subestime a dor das pessoas.
Artur Padão