Na adolescência, era louco por uma garota no colégio, aquela coisa de adolescente né. Vários amigos que já conheciam a respectiva me avisaram: em 2 meses estará tudo acabado. Em momento de negação e com o objetivo de investir, lá vou ao encontro da suposta garota. Mão dada pra lá, “um abraço e um beijinho isso é que é viver”, correu tudo numa boa.
Até que 2 meses depois, lógico (te avisaram…) após uma conversa nada agradável, já sabe né: pé nos glúteos. Aquele momento em que todo o adolescente sofre as consequências terríveis de um pé nos glúteos bem dado por uma garota. Naquele momento, mundo desabou. Perdido e sem rumo, comecei a perambular por ai. Claro que o dia não poderia terminar pior. Cinco minutos depois eis que um amigo passarinho qualquer manda aquela “defecada” (vulgo cagada) em minha blusa do colégio. Pronto! Foi a gota d`agua para o desastre total.
Desde então, todas as vezes que encontro algum passarinho amigo, eu lembro do evento doloroso pelo qual passei, como se fosse um filme trash. Foram cerca de 4 vezes. Essa então, essa é a minha memória dolorosa. Toda vez que existe o risco deste evento acontecer, do estímulo “cagada” acontecer, toda a cena se repete novamente.
Memórias dolorosas marcam nosso sistema nervoso e ficam registradas em um HD virtual neuronal (como um travesseiro viscoelástico que deforma o material). Aprendemos com essas memórias e reagimos quando elas aparecem (as vezes sem pensar). Pessoas que sentem dor ou se machucam, por exemplo ao dobrar o tronco para frente, podem lembrar deste evento com grande frequência, ainda mais se ele teve um fim catastrófico (tipo cagada de passarinho).
Pesquisadores são fieis a idéia de apagarmos essas memórias dolorosas de nosso HD virtual neuronal, para minimizar as reações excessivas e exageradas em alguns casos.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22227632
http://www.scientificamerican.com/…/erasing-painful-memori…/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1084068/
Talvez isso faça sentido. Mas, entendo que algo que aprendemos ficará lá registrado e talvez em algum momento volte a tona. Se vai ser ruim ou não, veremos…
Ajude seu paciente a descobrir os estímulos, eventos, situações e qualquer coisa que seja um disparador ou trigger de suas dores, sendo físico, emocional o até mesmo social (meu caso também).
Viva o pé na glúteos como aprendizado doloroso!
Artur Padão – Dorterapeuta