Habituação: um aliado neuroplástico para o alívio da dor

dor e habitQuase sempre quando falamos de dor, aparece o termo “sensibilização do sistema nervoso” “aumento da capacidade de resposta dos neurônios nociceptivos a sua entrada normal e/ou recrutamento de uma resposta a entradas normalmente supraliminares”. WTF?

Certo? Isso mesmo, ou seja, o sinal de alerta emitido pelos neurônios é mais facilmente disparado mesmo em condições consideradas “normais”, o que acaba ultrapassando seu limiar. Certo? Isso mesmo, ou seja, o sistema nervoso emite uma “sirene barulhenta” para que você fique “ligado na situação”. Cutucar a onça com vara curta (estímulos) aumenta a sensibilização.

Se algo faz aumentar, algo também diminui em algum momento. Se a sensibilização é o aumento da resposta do sistema nervoso frente a estímulos, a diminuição da resposta é chamada de Habituação. Tanto a sensibilização quanto a habituação são eventos ou plasticidade não associativa, o que significa que a resposta ao estímulo muda de acordo com a exposição repetitiva de um estímulo específico.

Nosso sistema aprende a se defender por meio da habituação, pois define o que deve ou não ser ignorado. Por isso, a habituação ocorre se o estímulo não for considerado perigoso ou ameaçador a integridade do sistema. Diversos estímulos captados pelos nossos sensores periféricos (nociceptores) e pelos órgãos sensoriais (visão, olfato…) podem ou não representar ameaça. Por exemplo, quando vamos comprar um ar condicionado, pensamos logo no split, pois é pouco barulhento, o que representa pouca ou nenhuma ameaça. Agora, se eu comprar um ar de janela ou portátil, esse sim é bem mais barulhento. Sendo exposto ao mesmo estímulo, com volume de barulhos diferentes, as respostas tendem a ser diferentes. Se eu não me importo com barulho, ótimo, ficarei “habituado”. Mas, se o barulho me incomoda, ficarei “sensibilizado”.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20097005
http://www.thejournalofheadacheandpain.com/content/14/1/65
http://arnop.unimaas.nl/show.cgi?fid=1034

O estímulo que sofre habituação, portanto, é o que representa calma e paz no coração para o sistema nervoso. O mesmo estímulo pode ter suas respostas aumentas ou diminuídas. Então, se for o alivio da dor, o que queremos? Estímulos de respostas diminuidas! E como queremos? Usando estímulos que, por exemplo, não provoquem dor…

Se está quente, tire a blusa! Se está barulhento, saia de perto! Se está cheirando mal, abra a porta! Se está rápido, pé no freio! Se está chato, distraia! Se está com dor, habitue!

Artur Padão – Dorterapeuta

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