Até onde uma “boa postura” é responsável por um bom controle de dor? Até onde re-organizar / re-alinhar o corpo com exercícios posturais melhora a dor? Será que exercícios físicos regulares são melhores que exercícios posturais? Perguntas como essas causam brigas intergaláticas em busca de uma solução talvez definitiva, mas com grande relevância no mercado de trabalho.
Métodos ou exercícios posturais utilizam modelos biomecânicos que explicam o alivio da dor pela diminuição da sobrecarga tecidual, alinhamento das articulações, organização de cadeias, controle da respiração e algumas “coisitas” a mais. Isso tem uma lógica, porém biomecânica. Olhando por este aspecto, temos a diminuição da nocicepção dos tecidos (se acreditarmos que a nocicepção é o cara), sendo esta uma explicação bastante aceita entre todos (profissionais, pacientes e o globo reporter).
Agora, vamos olhar de forma diferente.
– A “melhora da postura” favorece o ganho de função musculoesqueletica. Só partindo dai temos uma série de explicações desde a reorganização cortical (ex. cortex motor) até a liberação de substâncias analgésicas, que precisam de mais regularidade nos exercícios e com alguma sobrecarga.
– A “melhora da postura” reduz a nocicepção, o que diminui o alerta contra ameaças, regulado pelo sistema nervoso. Menos alerta, menos sensibilização e portanto menos chance de doer
– A “melhora da postura” favorece a uma respiração mais controlada, com maior aproveitamento de oxigênio pelo aumento da expansão torácica. Com isso, temos menor influência do sistema simpático e menos adrenalina bombando na periferia. Com isso, maior relaxamento e potencialmente menos dor.
– A “melhora da postura” é algo na boca do povo. Portanto, usar estes métodos é o que muitos pacientes querem, pois acreditam que irá melhorar a dor, mesmo que o entendimento seja biomecânico. Cai dentro amigo, mas lembre-se da regularidade e das sobrecargas para ter efeitos centrais.
– A “melhora da postura” não é o manjar da fisioterapia, não tem o melhor nível de evidência (longe disso), tem modelos distintos e conflitantes. Por outro lado, se você mudar o foco biomecânico e levar para um “lado B” (onde muitos gostam, inclusive eu) e sabendo aonde vocês querem chegar (metas realistas), talvez consiga chegar perto da credibilidade que, por exemplo, o exercício físico tem.
E lembre-se: nossos métodos e técnicas de tratamento tem mecanismos de ação próprios, alguns conhecidos outros ainda obscuros. Não acredite que métodos e técnicas distintos terão o mesmo efeito no alívio da dor. E nem falamos da influência psicossocial hein?????
Artur Padão – Dorterapeuta