EXAMES DE IMAGEM: UMA LOCADORA DE DOR?

A cada exame que passa, vamos acumulando filmes e mais filmes do nosso corpo. Alguns da época do vovô em preto e branco, outros já modernos e coloridos. Da mesma forma que o sinal da televisão evoluiu para as imagens ultra mega super “high definition”, os exames de imagem mostram cada vez mais coisas onde nenhum homem jamais viu.

Ver um filme em alta definição é muito legal: os detalhes, a precisão do movimento e da paisagem. Adoramos isso e adoramos os detalhes dos exames de imagem. Do raio-x a termografia, estamos evoluindo cada vez mais para descobrir os caminhos das doenças e patologias do corpo, talvez desvendando alguns mistérios da dor.

Cada exame de imagem é um filme único da sua vida, porém só conta a história naqueles segundos ou minutos. Nada mais além disso. Se um exame de imagem pudesse mostrar a dor das pessoas, seria apenas naquele instante e nada mais. As dores mudam, variam de intensidade, correm pelo corpo, tem expressões diferentes e emocionam as pessoas de forma individual.

Os clássicos filmes de comédia romântica sessão da tarde são mostrados pelo raio-x, como em “Cartas para julieta”.

O ultra som de imagem é como os filmes sem dublagem, onde apenas olhamos o movimento e imaginamos o que ocorre, como no “Charles Chaplin”.

Já a tomografia é aquele filme de estrutura, firme, ósseo, como “O poderoso chefão”.

Nada como a ressonância magnética tradicional para deixar um final meio infeliz na maioria das vezes, chamando degeneração e hérnia de dor, como em “Colateral”.

Lembra da sequência de “Matrix”? Tudo a ver com a ressonância magnética funcional, mostrando a rede neuronal que produz dor. Afinal de contas, dor e cérebro tem tudo a ver.

E a bola da vez, a termografia, me lembra coisas futuristas, como em “Tron”, mostrando como a temperatura “esquenta” os ânimos ou “esfria” a cabeça.

Exame de imagem não mostra dor. Exame de imagem mostra imagem.

Não deixe a dor persistente crônica se tornar um filme trash, sem pé nem cabeça, sem sentido e sem início, meio e fim. Pede logo a pipoca e guaraná e bom filme!

Artur Padão

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