Vários são os modelos de educação em dor disponíveis para você usar no seu dia a dia. No tete a tete, apresentações, aulas, palestra, livros, folhetos, conversa formal, conversa informal, gírias e metáforas, anatomia e biomecânica, neurofisiolgia e neurociência. Tem tanta coisa que fica difícil escolher. Na verdade, a educação em dor será boa se você terapeuta conseguir ter aquele felling e entender a demanda do educando, ou seja, seu aluno, paciente, cliente ou doloroso.
Vejamos um mesmo modelo de educação técnica musical x anatômica:
Musical: Este é o contrabaixo Ibanez ATK 305, de 5 cordas, ativo, com 22 trastes, tamanho da escala em 34”, pesa uns 7kg, corpo robusto de madeira, com um som brilhante. Tem 3 controles: 1 volume, 1 grave, 1 médio e 1 agudo, além de 3 chaves de controle dos captadores. O braço é aparafusado no corpo, muito bom de tocar, tem uma pegada nota 10. Um dos seus captadores simula o contrabaixo da Music Man. Um super baixo, para baixistas exigentes como eu.
Anatômica: Essa é sua coluna vertebral da região lombar. Ela tem 5 vértebras e um disco entre uma vértebra e outra. Ao seu redor temos ligamentos protetores como os longitudinais anterior e posterior, interespinhosos e intertransversais, além claro, dos ligamentos amarelos. Os músculos multifidos são os mais profundos e os músculos eretores são os mais superficiais. A fáscia toracolombar recobre toda a superfície e se prende também lá em cima na cintura escapular. A coluna é forte como uma viga de prédio e aguenta as sobrecargas do dia a dia. Uma super estrutura para nosso corpo, que é firme e ao mesmo tempo móvel quando necessário.
Ambos fazem a mesma coisa: explicam sobre estruturas, circuitos, peças, partes e funções. Mostram como é e o que faz!
Vejamos agora um modelo pastoral x neurociência:
Pastoral: Na história do inicio do mundo e dos seres humanos, quando Deus colocou Adão no mundo, Adão começou a dar nomes a todas as espécies animais que via. Mas, começou a perceber que todos os animais tinham o seu par. Adão não tinha ninguém igual a ele para poder compartilhar a vida dolorosa no Éden, por isso Deus fez com que Adão dormisse retirando dele uma costela. E desta costela Deus fez uma mulher para Adão tornando-a sua esposa e mulher. Assim começa a historia de Adão e Eva. Mulheres, para uma determinada religião, sempre será parte do homem e uma dolorosa costela da vida.
Neurociência: Esta é uma das explicações sobre como o seu sistema nervoso produz dor. De uma forma geral, todas as ameaças ao corpo são detectadas por sensores que temos, chamados de nociceptores, e pelos nossos sentidos como a visão e a audição. Se a ameaça é importante, nosso sistema nervoso liga seus alarmes e produz dor para nos proteger. O cérebro então é como uma central policial que registra as ligações e decide quais ordens serão cumpridas.
Ambos fazem a mesma coisa: tentam explicar a dor do seu jeito, da sua forma, para justamente fazer você refletir, pensar a respeito, perceber se essa história faz sentido e, assim, modificar o que você pensa e acredita.
E por último, veremos o maior embate de todos: biomédico x biopsicossocial
Biomédico: “mamãe, mamãe, bati o joelho no chão”. “Faz teoria das comportas que passa filha”. “ok mamãe, te amo”! “Love u 2!”
Biopsicossocial: “mamãe, mamãe, bati o joelho no chão”. “Minha filha de Deus, querida e amada, sentir dor é uma experiência intrigante e emocional para muitas pessoas. Por favor, convido você a refletir comigo o real significado de sentir dor no corpo, em todos os sentidos, para que justamente possa lhe ajudar a entender os motivos de você sentir dor devido a algo que possa ter modificado a função normal dos tecidos do seu lindo joelho, mas que também tenha de alguma forma modificado o limiar de perceção de sua experiência de dor. Você acha que todo mundo que cai no chão sente dor? Mas, você acha que sentir dor no joelho após uma queda significa algo a mais para você? Uma simples dor mexe muito com a sua emoção, faz você pensar e acreditar em muitas coisas. Enfim, leve esta informação para seu quarto e quando nos encontramos na hora do almoço podemos debater novamente sobre tudo o que você pensou que dói, para sim definir se sua dor teve uma relação com o ato em si de cair ou uma forte emoção dolorosa. E, claro, se sua dor realmente apareceu quando você pensou na sua mãe, na sua vida e na sua gratidão”. “Tá bom mamãe”.
Ambos também fazem a mesma coisa: a dor sempre tem um motivo ou vários motivos ou significados. E a dor, na maioria das vezes, terão vários.
Enfim, vamos olhar primeiro para o educando para depois encontrar a melhor forma educativa de comunicação entre terapeuta e paciente. Se isso vai ou não aliviar a dor, ai é uma outra dolorosa história.
Artur Padão