Desvendando os mistérios da dor: “bebês dolorosos”

Muitos acreditam que bebês não sentem dor, pois suas reações são instintivas e protetoras apenas. E estão bem enganados, pois a dor sempre é uma resposta do nosso sistema, seja para proteger, chamar nossa atenção, reagir contra situações, evitar movimentos e por ai vai. A diferença é que os bebês, quando sentem dor, estão começando a criar suas experiências dolorosas e aprendem ao longo do tempo com isso.

Então, sentir dor é bom para a aprender a lidar com a dor! Os bebês usam as suas “virgens” experiências dolorosas para desenvolver suas próprias habilidades. Deixar o bebê com dor, apesar de ser muita maldade, tem uma lógica neurocientífica. E bebês sentem dor por vários motivos: desconforto, calor, frio, fome, “colo ruim”, intestino preso ou solto. E sua forma inicial de se expressar é chorando e usando reflexos de retirada.

Mas, se o bebê está doente ou tel algum problema de saúde, é muito mais que maldade “deixar a dor solta”.

Quando os bebês começam a ser “dolorosos”?

Entre 20 a 24 semanas ainda como feto na barriga da mãe, seu sistema nervoso começa a desenvolver os mecanismos de proteção contra ameaças, a chamada nocicepção. A partir dai, o bebê é capaz de aprender a se proteger e usar a dor como resposta protetora. Entre 35 a 37 semanas, o bebê já consegue diferenciar o que é dor e o que é toque. Já está quase lá na terra humana ao vivo e seu cérebro se ilumina de forma diferente na dor, no amor, no toque e no desconforto.

Entretanto, os bebês que nascem prematuros se tornam mais sensíveis a dor ao longo da vida. Talvez a experiência de nascer antes do tempo afete o cérebro dos bebês, podendo ser futuros seres com dor crônica.

Mas, e a ai? Devemos deixar os bebês sentindo dor?

Uma baita pergunta onde cada um tem opiniões distintas, seja a mamãe, sogra, amigos, conhecidos, médicos, pesquisadores, fisioterapeutas, CurtiDores, instagram e afins. Aprendemos com a dor, desenvolvemos nossas capacidades de lidar com as dores da vida e de vez em quando sentir uma “dorzinha” não faz mal a ninguém.

O bebê vai aprender com a dor, mesmo que seja para mamar mais, ter seu “colo bom”, reclamar de sua iniciante vida e, principalmente, para ser o que ele precisa ser: por enquanto, apenas um bebê e não um mini adulto!

Artur Padão

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