Todo mundo tem uma história dolorosa para contar, certo? Antes do “senta que lá vem a história”, veja bem: as dores que sentimos sempre aparecem por algum motivo, mas no final das contas são apenas dores. Nós é que transformamos a dor em doença, a culpamos pelos problemas e apostamos que toda a dor precisa de tratamento.
Bem oposto a isso, sentimos diversas dores no dia a dia, mal damos importância e seguimos em frente. Dores com menos de 1 dia de duração ocorrem por depilação, injeção do jeito certo, topada com o dedão do pé e uma batida do cotovelo sentido choque. Essa é a história natural de eventos do dia a dia, que fazem parte da rotina, onde não se inventa moda.
Se dói a costas ou a cabeça “trememos na base”, mesmo que seja muito pouco provável que exista algo grave. Mas, socialmente, espera-se sempre o pior, infelizmente. Por exemplo, mais ou menos 60 a 70% das pessoas que tem o primeiro episódio de dor nas costas irá melhorar mesmo que não faça nada. Isso é o curso imposto pela “mamãe natureza”, mesmo pela boa vontade de muitos em querer ajudar. Não fazer nada é fazer alguma coisa!
Quando se estuda a história natural das doenças, diversos fatores estão envolvidos, principalmente tenta-se identificar quais deles o indivíduo foi exposto. Sendo assim, observa-se quem desenvolve ou não determinada doença ou condição. Mas, dor é doença? Se você acha que sim, entra no mesmo grupo acima. Caso não, o bicho vai pegar. Para mim, dor nunca foi e nunca será doença.
E um exemplo de doença onde tenta-se dizer que dói é a artrose. Todo mundo tem ou terá desgaste nas juntas, uns mais rápido, outros mais demorado. Essa é a história dolorosa da artrose, mas que não terá dor como protagonista.
Você pode mudar o curso da história. Naturalmente, ela tem uma programação, mas tentamos mexer em seus personagens o tempo todo. Você pode, mas não necessariamente fará diferença. E em relação a dor, existe sim um tempo para seu sistema manter e reduzir os alarmes. O problema é quando adicionamos uma série de componentes que deixam seu sistema nervoso confuso, como por exemplo exames de imagem, diagnósticos excessivos, opções de tratamento, orientações e restrições. Com isso, trazemos a tona a incapacidade funcional, que é sim um fator desfavorável para o alivio da dor.
Portanto, de vez em quando, “deixa a vida me levar”. A dor agradece!
Artur Padão