Nesta série sobre as dimensões relacionadas a experiência dolorosa, veremos na parte 2 uma dimensão para lá de sentimental: a afetiva motivacional.
Enquanto que a dor nos fala “eu só aceito a condição de ter você só pra mim”, a dimensão afetiva motivacional trata justamente das emoções, sentimentos e motivações envolvidas quando sentimos dor. E não é a toa que toda experiência dolorosa pega de jeito nosso lado afetivo. Uns são mais durões, outros mais sensíveis. Mesmo que você não saiba dar um nome, elas estão lá.
Ao mesmo tempo que a dor mexe com nossas emoções, nos ajuda a direcionar nossa motivação para agir a respeito: bater ou correr, agir ou esperar, se cuidar ou ser cuidado, e por ai vai. Isso está intimamente relacionado às próprias habilidades em lidar com a dor. Podemos destacar as estratégias de enfrentamento (coping) e o locus de controle. Quem?
As estratégias de enfrentamento são habilidades que desenvolvemos para agir diante, por exemplo, da dor. Quanto mais ativas, mais você corre atrás do “prejú” e quanto mais passivas, menos você faz por você mesmo. Já o locus de controle fala sobre sua responsabilidade diante de um problema, por exemplo, a dor. Quanto mais interno for o locus de controle mais controle próprio (ativo) você tem sobre a dor, ou seja, você se sente responsável pelo seu próprio cuidado. Quanto mais externo (passivo), as responsabilidades são depositadas em outras pessoas, por exemplo, nos profissionais de saúde, família ou amigos. Olhando por estes aspectos, aonde você acha que a dor crônica “se deposita”?
A dimensão afetiva motivacional é aquele artista de teatro, que consegue fazer vários papéis diferentes. Mas, sempre tem a sua preferência, como todo mundo, certo?
Artur Padão