Nas partes 1 e 2, vimos o que é a sensibilização central e alguns mecanismos que provocam sua persistência, levando a sintomas dolorosos sem explicações comuns. Nesta parte 3, veremos algumas dicas para reduzir os alarmes emitidos pelo sistema nervoso central sensível (sensibilização central).
Se você identificou os alarmes, fica mais fácil escolher os botões para “descer o elevador”. Para cada alarme (mecanismo) podemos apertar um ou mais botões diferentes, ou seja, usar uma ou mais intervenções diferentes. Existem intervenções que reduzem vários alarmes, como medicamentos, exercícios físicos e estratégias cognitivo comportamentais.
Mas, não se engane: oferecer analgesia não é suficiente! Devemos ir do neurônio ao pensamento. E este, é um longo caminho de integração entre “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Trabalho em equipe!
Menos entendimento de ameaça, menor o alarme!
1. Um caminho moderno foi aberto nos últimos anos: corrigir os curto circuitos cerebrais. Medicamentos que cutucam o cérebro como ansiolíticos, anticonvulsivantes e antidepressivos tentam melhorar a conversa entre os neurônios. Corrigir disfunções motoras como alterações no tempo de reação, incoordenação, desequilíbrio, dominância e pré ativação melhoram os chiados (imprecisão) na conversa neuronal. Via cérebro, reduzimos os alarmes.
2. Pensar e reagir a dor de forma excessiva, mantém os alarmes ligados. Por isso, um bate papo funcional e indolor merece toda a atenção “se você comer a casca do pão antes do miolo”. Caso prefira atacar ferozmente o meio do pão, lembre-se: brasileiros são exagerados e excessivos, e o pão pode queimar! As vezes, os efeitos da educação em dor são mais rápidos que dos medicamentos. Tratar a dor com a devida educação reduz os alarmes.
3. Exercício, antes de mais nada, é saúde. Exercício bem orientado e organizado (prescrição adequada) reduz os alarmes a curto e longo prazo. Por exemplo, já citamos acima sobre o controle motor; exercícios de curta duração e moderada a alta intensidade provavelmente atuam em um mecanismo chamado “analgesia induzida pelo estresse”; treino de força demora para ter efeitos no alivio da dor pois dependem da adaptação neural (entre 4 a 8 semanas), liberando dopamina; exercícios aeróbicos liberam endorfinas, mas você só chega lá se treinar.
4. Se a luz é um problema, diminuir a luz ambiente durante o tratamento faz diferença. Se o barulho é um problema, som ambiente fofo e relaxante faz diferença. Se a temperatura ambiente (normalmente o frio) é um problema, ar condicionado “off”. Aos poucos, você pode aumentar estes estímulos sensoriais e ver como seu paciente reage (lembra da exposição gradual?). Controlar os estímulos sensoriais reduz os alarmes.
Vamos reduzir os alarmes. Aguardem a parte 4, onde vamos falar colocar na mesa os critérios para identificar a sensibilização central.
Artur Padão – Dorterapeuta
Artur, tu costuma realizar exercícios de curta duração e moderada a alta intensidade em teu consultório (quando tu avalia e acha necessário) ou tu indica logo de cara há um lugar específico para Prática de tal atividade? Aguardo e abraço!