Muitos pensam que estas duas condições não possam ser dolorosas. O HIV/AIDS e a Hanseníase são doenças consideradas negligenciadas, gerando preconceito, isolamento social, incapacidades, prejuízos e perdas incalculáveis.
O fato curioso é que ambas podem ser bastante dolorosas, basta pensar no contexto envolvido. Se falarmos de estigma e preconceito, a dor alcança sua intensidade máxima.
No Brasil, os casos novos de Hanseníase chegam a mais de 31.000 por ano, sem falar no expressivo número de mais de 3 milhões de pessoas com incapacidades físicas ao redor do mundo devido a Hanseníase. A grande maioria destes pacientes tem queixas de dor por problemas musculoesqueléticos, por processos inflamatórios e por lesão no sistema nervoso, causando dor neuropática. Estima-se que 30% dos casos novos cursam com problemas deste tipo e a prevalência de dor neuropatica pode chegar a mais de 70%. Alta né?
No HIV/AIDS, estima-se que mais 700.000 pessoas estejam infectadas com o vírus HIV. Com o avançar da doença, as queixas de dor em diversas partes do corpo aumentam, tanto pela lesão nos nervos quando pelas doenças oportunistas que se manifestam devido a baixíssima imunidade. Parece um caminho sem volta. Entre 50 a 60% dos pacientes com HIV queixam-se de dor; 30 a 50% dos pacientes irão desenvolver lesão nos nervos periféricos e consequente dor neuropática.
Olhando esses números e pensando no funcionamento dos serviços de saúde do Brasil, penso que realmente damos pouca ou nenhuma atenção a essas duas condições. Me parece que o foco do atendimento em dor gira em torno das dores lombares, seguindo depois das cefaléias, dor na cervical e vai indo para braços e pernas. Sinceramente, estudar o que ninguém quer estudar é meu caminho.
Por isso, se você atualmente está achando “chato” o estudo da dor lombar (como eu), fica a dica para se envolver com os estudos da dor no HIV/AIDS e Hanseníase. Garanto que vai ser bastante “doloroso”, proveitoso e todos vão “boiar” quando você falar disso.
Artur Padão – Dorterapeuta
Um ótimo artigo!