Crônicas Dolorosas 13: “O que eu mais temia”

dor e medoO Sr. José adorava caminhar na Lagoa. Dava uma volta completa todos os dias totalizando quase 8km de caminhada diária. Mas, um dia, o Sr. José resolver ir além, caminhando duas voltas na lagoa, andando mais rápido do que o normal. Resultado final: ruptura dos tendões dos músculos fibulares da perna.

Com essa proeza, o Sr. José “contraiu” uma intensa dor persistente no pé, dificuldades de movimento e parou totalmente seus exercícios. Tudo bem! Cutucou, levou, né? Com o passar das semanas, algo diferente pairou no ar: o medo de se machucar novamente. A partir dai, tudo virou um problema: andar, sentar, levantar, subir e descer escadas e calçados. Tudo poderia machucar e tudo causava dor.

Cerca de 1 ano depois, tudo se mantinha da mesma forma, exceto que sua lesão nos tendões já havia cicatrizado. Mas, a dor continuava e o medo estava pior ainda. O Sr. José buscou um tratamento especializado em dor e começou a ter menos dor e menos medo de se machucar. Conseguiu voltar a se exercitar regularmente. Ótimo? Nem tanto!

Um dia, quando tudo parecia correr bem e conforme o planejado, chega o Sr. José com cara de “enterro”, como nunca havia chegado antes. “O que será que ocorreu? Alguém realmente morreu?” Foi a pergunta!. Eis a resposta: “O que eu mais temia aconteceu! Eu virei meu pé! Voltamos a estaca zero!”.

Espera-se que uma “virada do pé” cause inchaço e dor, certo? Sim! Mas, o Sr. José não estava com dor e não estava com o pé inchado. A partir daí, vamos aumentar a sensação de segurança e diminuir a sensação de vulnerabilidade (chique, né?) a dor / lesão.

– – “Sr. José, olhe para seus pés. Compare um com o outro. Estão parecidos?”

(lembre-se: sem palavras negativas)

– “Sim, parece que sim”

– – Movimente seus pés, veja se está tudo bem”

– “Sim, está tudo bem”

– – “Tem certeza”

– “Sim”

– – “Dá uma batida nos pés contra o chão ai. Show?”

– – “Vamos fazer nosso programa de exercícios”

– “ok

E neste dia, o Sr. José fez tudo o que ele nunca havia feito ainda durante sua recuperação funcional: saltou com as duas pernas, saltou igual a saci-pererê, fez dança do siri (deslocamento lateral com batida de pé no chão), correu, chutou bola, “foi e voltou várias vezes”, fez o “diabo a 4”. Resultado: ficou feliz da vida, suou a camisa, não teve medo e ignorou o fato de ter virado o pé.

Vencer o medo de se machucar é se sentir seguro e menos vulnerável. A partir disso, se contrói os modelos de exposição, tratando o problema com a devida educação!

No final das contas, “o que ele mais temia” não aconteceu!

Artur Padão – Doreterapeuta

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