Um dos pontos mais questionados do manejo da dor é a prescrição do tratamento. Cada profissional envolvido no manejo da dor tem uma forma peculiar de observar o que é avaliado e a escolha de um tratamento. Mas, existem pontos que merecem atenção para minimizar possíveis atritos.
Quem prescreve? A resposta, apesar de simples, não funciona tão bem na prática. No Brasil, pelos longos anos de cuidados com a saúde, existe um senso comum de que os médicos centralizam os cuidados com a saúde de uma forma geral. Por isso, decidem as condutas a serem seguidas, ou seja, prescrevem tratamentos diversos. Mas, lembre-se: médico não sabe de tudo.
A prescrição, portanto, mexe com os egos, cadeiras e orgulho profissional. A prescrição médica é tratamento médico, simples né? Por isso, deve se ater aos ítens de competência médica. Na prática, médicos frequentemente prescrevem fisioterapia ao paciente. Negativo! Quem prescreve fisioterapia ao paciente é o fisioterapeuta, médico recomenda. Quem prescreve meios físicos de tratamento (ato privativo) é o fisioterapeuta. Mas, curtidores, se um médico pede para o paciente usar gelo ou calor, isso não é fisioterapia, né?
O interessante de olhar as competências de cada profissional para a prescrição é que vários tratamentos para a dor são sugeridos por todos os profissionais de saúde. A maioria deles não tem uma regra bem definida. Por isso, é comum “ultrapassar possíveis barreiras” de atuação profissional, onde médicos prescrevem exercícios, fisioterapeutas aplicam injeção, enfermeiros fazem massagem e nutricionistas alongam.
Não me incomoda o fato de um “não fisioterapeuta” prescrever alongamento a um paciente com dor e com o sistema nervoso sensível. A responsabilidade sobre o resultado da prescrição é de quem prescreve. Mas, me incomoda o fato de que o paciente está no profissional errado e que por isso pode ter sua condição de saúde afetada e cronificar seu problema.
A decisão da prescrição é de quem prescreve. Se está correto, incorreto, legal ou ilegal é uma longa conversa que envolvem brigas, egos, mercado de trabalho e o sistema de saúde. Mas, eu que trabalhei toda a minha carreira em equipe, em grupos multiprofissionais, preciso abrir meu espaço para que outros profissionais conheçam minhas prescrições.
Se você nunca permitir que outros profissional de saúde invada seus limites e eles façam o mesmo, você nunca vai conseguir trabalhar em equipe. O diagnóstico está errado? Questione! A prescrição está incorreta? Corrija! Não está satisfeito? Ou se satisfaça ou se vá!
O trabalho em equipe faz você valorizar as decisões de seu colega. Não se preocupe com a prescrição de outros, mesmo que você não concorde. Mas, a sua prescrição é sua decisão.
Artur Padão – Dorterapeuta
Procurei um neurocirurgião, pois fiz cirurgia de coluna lombar em 2012, porém as dores nas costas pioraram no último ano. Trabalho em uma creche pública c crianças bem pequenas, o que agravou o problema. Esse médico pediu vários exames e concluiu que preciso fazer outra cirurgia, um pouco mais complicada que a primeira. Meu plano ainda não cobre a cirurgia e pedi para que ele me prescrevesse fisioterapia para aliviar minhas dores, ou outro tratamento conservador. Ele disse que não faria nenhuma diferença e negou qualquer tipo de tratamento q não fosse a cirurgia. E ainda p cima mandou-me trabalhar, o que é inviável por conta das dores. E aí? Esse profissional está correto? Ou é o mesmo q dizer p paciente: Se vira, o problema não meu, afinal, vc não vai me dar lucro por enquanto. Qual sua opinião a respeito? Agradeço desde já.