Parece até meio bizarro pensar nisso, mas tem pessoas que com nada melhoram. Dizem que já tentaram de tudo, todos os tipos de tratamento possíveis. Anos de dor e de sofrimento.
A busca é implacável pelo alivio da dor. Vale, vale tudo, vale o que quiser. Dizem que já se trataram fora de sua cidade. Já atendi pessoas que viajavam semanalmente de avião para outra cidade receber tratamento para a dor. Surreal?
Isso faz parte de um comportamento comum, ou um perfil em comum de pessoas com dor crônica. A busca implacável por tratamento para a dor batem de loja em loja na tentativa de entender os motivos, causa, razão ou circunstância para a dor. É como passear num shopping center de loja em loja, procurando algo ainda indefinido. Qual dor vou escolher hoje?
Semana passada foi assim. A paciente com 40 anos de dor e 40 anos de busca implacável por um alivio, talvez utópico. Com um discurso de incapacidade intensa, se submete a tudo e todos mesmo com dor. São 40 anos pulando de sala em sala, de consultório em consultório, de clínica em clínica. E porque isso acontece? Ninguém consegue resolver seu problema.
Pensando nisso, podemos destacar 4 pontos importantes:
1. A dor é o foco, mas não necessariamente o problema principal – – Mesmo que tudo seja centrado na queixa de dor, múltiplas outras queixas se misturam e também são premiadas com o nome dor.
2. Baixa adesão ao tratamento – – Se a dor não for aliviada imediatamente é pouco provável que exista adesão.
3. Mantem a “guarda armada” – – Tudo tem que ser feito do seu jeito, sendo difícil aceitar recomendações e orientações.
4. Proibições e permissões – – a impressão é que tudo deve ser feito segundo orientação, onde outras pessoas decidem. A falta de controle sobre suas próprias decisões e atitudes deposita em outros as responsabilidades (locus de controle externo)
Por isso, vamos destacar 4 soluções, respectivamente:
1. Distração do foco na dor (ignore a dor um pouco)
2. Estabeleça metas realistas (não prometa o que você não vai cumprir)
3. “Quebre” a dor não falando de dor (e peça algo em troca)
4. Teste as capacidades e converse (não mata e não morde)
Se a dor melhorar, continue não falando de dor. Afinal de contas, a dor não é sua né? Cuidado com o Ibope doloroso.
Artur Padão – Dorterapeuta
Otimo post
Muito bom Artur! Ibope doloroso, rs.