Minhas avós praticamente me obrigavam a usar lenço com álcool na garganta para gripe. Tomou leite quente? Não pode pegar vento no rosto. Torceu o pé? Usa calminex para “acalmar” o pé. E por aí vai.
As crenças são as verdades em que acreditamos e colocamos em prática. Por isso, seguimos a rotina baseados nisso.
Quando o assunto é dor, todo mundo tem uma verdade para contar: a ciência, os profissionais, os gurus, os religiosos, os que estão doentes, os que sentem dor, a mídia e, o melhor de todos, o facebook.
A busca por uma cura para a dor, a relação com lesão tecidal, emoções, incapacidade, necessidade de ajuda de outros (solicitude), medo e evitação de atividades são crenças “cientificas” sobre dor. Além disso, a religião e a fé praticamente guiam as verdades de muitos fiéis. Estes acreditam em uma cura divina para a dor.
Modificar a forma de pensar já é difícil pessoalmente, ainda mais para tentarmos isso com outros. Este é um importante momento para ajudar uma pessoa com dor a pensar melhor sobre seu problema. Muitas vezes, o tratamento da dor é guiado por crenças das mais diversas. Ao invés do samba de raiz vira um “samba do crioulo doido”.
Para “trocar” uma crença, precisamos de outra para ocupar o lugar da antiga. Caso contrário, não haverá lógica ou sentido em fazermos isso. O confronto direto a alguma verdade pode ter consequências ruins, na maioria das vezes. Por isso, calma e paz no coração e, principalmente, cuidado para não dar as respostas de bandeja.
Os profissionais Curtidores são crentes de dor. Nos acreditamos na dor e que podemos ajudar os outros a entender, aliviar e se virar com sua dor:
– Emoções? São tantas.
– Medo? Liberte a aranha.
– Solicitude? Não morde.
– Incapacidade? Passa por cima.
– Religião? Anda com fé.
– Lesão? Ela cicatriza já.
– Cura? Controle-se
A verdade é um prato que se come.
Artur Padão – Dorterapeuta