Estudos vem mostrando que fetos entre 20 a 24 semanas de gestação podem sentir dor. Isso estaria de acordo com a organização do cérebro do “fetinho”, o que não aconteceria antes desse período.
Interessante este aspecto, pois todas as reações a dor descritas na literatura como comportamento, sinais fisiológicos (frequência respiratória e cardíaca), marcadores biológicos (hormônios como o cortisol e adrenalina) e movimento corporal também são reações frente a um evento ameaçador.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3385812/
Dizer que ameaça e dor são a mesma coisa pode nos levar a um caminho “em busca da terra do nunca”. Como saber então se é “rayalmente” dor ou é nocicepção?
A nocicepção é um sistema fisiológico de detecção de estímulos ameaçadores ao corpo. A dor é uma das respostas desta ameaça, com o objetivo de proteger o corpo. Ambos estão no mesmo pacote e mudam o comportamento, o movimento, os sinais fisiológicos e marcadores biológicos. Se o cérebro já está formado a partir de 20 semanas, o feto pode sim sentir dor. Agora, se ele “rayalmente” sentiu dor, só dentro do cérebro dele para saber. Que tal uma RM Funcional? Quem se arrisca?
Ter ou não ter dor, eis a questão? Este é um ponto que fez diversos países, como os Estados Unidos e a Inglaterra, permitirem abortos apenas a partir da 24 semana de gestação. No Brasil, isso é dolorosamente proibido desde o primeiro segundo de gestação!
Portanto, entendo isso como nocicepção. Quando um feto “puder me dizer que está doendo”, vou acreditar nele.
Artur Padão – Dorterapeuta