O músico Cazuza não esperava que “mais uma dose é claro que eu to afim” iria fazer tanto sucesso entre os prescritores de tratamentos pela via opioide, que trabalha com a endorfina, dinorfina e encefalina. São analgésicos naturais que nosso organismo produz e que se torna um sistema ineficiente em algumas condições de dor crônica.
Para contrabalançar esta falha, vários tratamentos são propostos para aumentar a atividade nos receptores opioides, buscando um equilíbrio na gangorra entre excitação e inibição. Entretanto, chega uma hora que o sistema se adapta a quantidade de opioides e o poder de efeito não é mais o mesmo, sendo necessária aumentar a dose. A esse efeito é dado o nome de tolerância ou “efeito cazuza”. “vê se ao menos me engole, não me mastigue assim”
Os receptores opioides perdem progressivamente sua função e o glutamato (neurotransmissor mais excitatório do mundo) é o “absintho” do sistema nervoso. Forte como um animal feroz, segue detonando os neurônios e receptores – “canibais de nós mesmos”
Tratamentos oferecidos que trabalham com o sistema opióide são os remédios analgésicos opióides como a morfina e codeína, a corrente elétrica TENS, a manipulação articular grau 5 (alta velocidade), a acupuntura e o exercício físico aeróbico. Se ocorre o “efeito cazuza”, devemos aumentar a dose destes tratamentos para ter um melhor e maior efeito.
O sistema opioide tende a reduzir a atividade neuronal do sistema nervoso, a atividade motora, a ativar o sistema neurovegetativo parassimpático, reduzir a respiração e batimento cardíaco e a provocar uma certa “onda” nas pessoas quando existe excesso (“olha a onda, olha a ondaaaaa, clap clap”). Pelo menos, teoricamente.
“Mais uma dose? É claro! É claro que eu to a fim. A noite nunca tem fim. Porque que a gente é assim?”
Simples, porque sim! Boa sorte e cuidado com o “efeito cazuza” e para que ele não pegue seu pé a noite e “não te mastigue assim”.
Artur Padão