A busca por um diagnóstico que possa justificar a dor é uma luta constante para muitos “doloridos”. Provar que há algo a ser encontrado é a luta de muitos “dolorosos”, usando exames e mais exames que só aumentam o peso do problema. E dos filmes na sacola!
Normalmente, quem procura acha alguma coisa, sendo bom ou ruim. Mas, e quando a gente procura e não acha nada? Esse é um dos pontos onde muitos profissionais desistem de ajudar um paciente com dor. E isso ocorre pois espera-se encontra algo de errado que possa assinar o boletim escolar com uma estrelinha dourada no topo. Dor não aparece em exame. Dor é sinal, é sintoma, mas não é doença.
Se não achar nada, existe alguma coisa?
Exames são feitos quando suspeitamos de algo ou para descartar alguma coisa grave. Não aparecer nada não significa que não exista algo. Simplesmente, o exame solicitado não foi capaz de identificar o que se suspeita. Ou simplesmente se vai na onda de pedir exame mesmo e que no final das contas só atrapalha e “iatrogeniza” o paciente.
Se achar algo, existe alguma coisa?
Claro, quando um exame encontra um problema, o rabinho logo abana. Associar isso com dor, o sapo faz “cri cri, cri cri”. Um exemplo clássico de vários estudos é famosa e temida hérnia de disco. Estando lá, vira sempre o foco do problema e ganha um valor muito maior do que seu próprio tamanho. E, segundo pesquisas científicas, apenas 2% das hérnias de disco estão associadas a dor. Oi?
O exame físico também sofre do mesmo mal, porém costumamos achar alguma coisa, nem que seja um mísero ponto doloroso. O que é um ponto de dor frente a uma história de dor? Alguma coisa tem, talvez não seja tão importante assim quanto se acha.
Afinal, tem ou não tem?
Ter ou não ter, não é a questão elementar. Dor aparece quando o sistema nervoso diz. Achar alguma coisa no exame pode dizer muito sobre o seu envelhecimento. Achar outra coisa pode mostrar algo que precisa de atenção imediata. Achar um “problema” pode não significar nada para o paciente. E na maioria das vezes, ainda bem, o que se acha nada tem a ver com a dor.
E vamos adiante. Ter ou não ter é tão elementar quanto doer ou não doer. Quem procura, acha sua dor.
Artur Padão