Perguntas guiadas para respostas “dolorosas”

dor e conversa– “Jura dizer a verdade, nada mais que a verdade, em nome de Deus?”

Juro falar sobre dor.

– A dor te incomoda muito?

Sim, bastante, não consigo fazer exercícios como antes.

– O que você tenta fazer e não consegue?

Me alongar, correr.

– Todas as vezes que você tenta, você sente dor?

Sim, todas as vezes.

– Todas as vezes você faz da mesma forma?

Não entendi.

– Todas as vezes que você tenta se exercitar faz o mesmos exercícios?

Sim, sempre que tento minha dor piora muito.

– Você tentou se exercitar de outras formas?

Não, pois acho que vou sentir mais dor.

– Você já sabe o que dói. Porque não experimentar o que não dói?

Não sei, talvez me sinta inseguro.

– Qual é a pior situação pra você?

Quando corro acho que meus nervos estão sendo esmagados pelo impacto.

– E se você caminhasse, seus nervos seriam esmagados? Teria impacto?

Não sei, o que você acha?

– Caminhar parece menos impactante que correr, certo?

Sim, talvez.

– O que você acha que poderia acontecer se tentasse?

Não sei, me machucar, sentir mais dor.

– E se você tentasse e ficasse tudo bem, toparia continuar?

Não sei, talvez sim. 

Esse Açaí com Guaraná (Descoberta Guiada junto ao Questionamento Socrático) casam muito bem. Isso mostra interesse pela situação!

Um bate papo como esse é comum para quem atende pessoas com dores persistentes, principalmente os que se sentem inseguros quanto ao que fazer e ao que não fazer. Muitos deles apostam que você (Curtidor – Profissional de Saúde) irá dizer isso. Cada um em seu quadrado, cada macaco em seu galho.

Guiar esse bato papo por meio de perguntas é uma estratégia cognitiva que funciona. O objetivo é “conhece-te a ti mesmo”, ou seja, ajudar a pessoa a descobrir seus comportamentos, suas atitudes, “porque que a gente é assim”, para facilitar a forma de lidar com isso tudo junto e misturado. Conheça a sua dor, se interesse pelo que ela representa, saiba seus gostos, mas não precisa trocar jeans viajante. Atenção as palavras, cuidado para não reforçar negativamente a condição do paciente.

“Sábio é o que sabe que nada sabe” – Carioca é o que reconhece que nada entende sobre as dores.

Artur Padão – Dorterapeuta

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