As pessoas que estudam, trabalham e sentem dor crônica são frequentemente bombardeadas por “pensamentos dolorosos” e os chamados fatores psicossociais giram entorno da cronificação da dor e vem cada vez mais sendo citados como pontos chave para o controle adequado da dor.
Bem oposto ao controle, pensamentos chamados de ruins, péssimos, negativos ou catastróficos correm pelos neurônios da dor crônica e invadem de forma “depressiva” a rotina. Depressão é a comorbidade psicológica mais frequente e as pesquisas mostram que cerca de 80% das pessoas com dor crônica ficam deprimidas.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16926068
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19038772
A depressão é um passo para uma situação bastante delicada, o suicídio. As pesquisas, de uma forma em geral, mostram que cerca de 30% das pessoas com dor crônica tem ou já tiveram idéias suicidas. Na época de trabalho em um serviço público no rio de janeiro, tivemos 25 pacientes com idéias suicidas. Ao responder um questionário sobre depressão, 68% tinham ideias suicidas mas não as executaria; 8% gostariam de se matar e 24% se matariam se tivessem oportunidade.
Diante das grandes perdas que a dor pode gerar, se matar talvez encerre uma etapa pra lá de dolorosa. Por mais egoísta que possa parecer, o sofrimento pela dor tem limites para todos. Dos casos que acompanhei de pacientes que tentaram suicídio, um conseguiu usando cocaína. As outras várias tentativas foram por excesso de analgésicos fortes, outros remédios também, “cortando os pulsos” e jogando o carro fora da estrada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta a todos os profissionais de saúde que ocorrem mais de 800 mil suicídios por ano em todo o mundo.
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs398/en/
Além disso, devemos ficar atentos as pessoas com depressão ou outras doenças mentais, pessoas que passaram por experiências conflitantes, desastres, violência, abuso ou alguma perda importante, pessoas se sentindo isoladas. Todos esses fatores podem estar bem atrelados a dor crônica. Por isso, fique de olho!
Da idéia para a execução, o caminho pode ser bem curto. Não dê bobeira, não deixe a peteca cair. Não se desespere e aja rápido.
Seja “agudo”, e não “crônico”!
Artur Padão
tô assim tbm !