Como em qualquer tratamento proposto, devemos saber aonde queremos chegar. Assim como o carnaval, um tratamento para a dor deve ter um encerramento, um momento para o paciente seguir em frente. Porém, um ponto muito interessante no tratamento da dor é saber se realmente a dor irá embora. As vezes não sabemos, as vezes ela não vai. Então, como fica?
Para sabermos se vai ou não dar certo o que será proposto, dois pontos são cruciais: o prognóstico e as metas do tratamento. Estes são componentes totalmente abandonados e, talvez por isso, que tenhamos tanta dificuldades em dar um passo adiante, especialmente na dor crônica.
O prognóstico é uma previsão de como as coisas vão rolar ao longo do tratamento. Dor não é doença, muito menos a dor crônica. Mas, a dor crônica pode fazer como que uma pessoa se sinta doente. Por isso, acaba que a previsão baseada na “dor como sintoma” será uma furada na certa. Componentes que envolvam a funcionalidade como a capacidade funcional, nível de atividades, retorno a rotina e participação social em atividades são melhores do que a dor em si.
Estabelecer metas é saber aonde você deseja chegar. Para isso, precisamos saber o que, como e em quanto tempo vamos alcançar a meta. Ou, se você preferir ser mais metódico: mensurável, específica, alcançável, relevante e temporal. Metas no tratamento da dor como a cura, é falta de pé no chão e pode se tornar uma busca eterna. Por isso, “cortar as asinhas” de forma fofa logo no início é justamente para saber aonde se quer chegar.
Mas, nem tudo são flores. Uma previsão perfeita com uma meta furada tem grandes chances de ser jogada no ventilador. Uma meta utópica com uma “previsão de tempo fechado” é um agradecimento ao abandono do tratamento. Não devemos ter medo de traçar um plano de ação para o paciente. Junto a isso, entender as expectativas ao redor do que foi proposto. O tempo não volta atrás, então não podemos garantir que as coisas irão voltar a ser como antes. Quem vive de passado é o….?
E no final, se as metas foram cumpridas, vocês chegaram aonde foi prometido, está na hora de colocar seu tênis e seguir em frente. E se as metas não rolaram? Vale calçar as “sandálias da humildade” e reiniciar o computador.
Podem jogar as evidências na mesa. Se você não entender o processo de cada um, dizer com clareza como será o tratamento e qual o efeito ao longo do tempo, você será mais uma loja no shopping center a vender as roupas de sempre.
Artur Padão – Dorterapeuta