Desvendando os mistérios da dor: os canais “irônicos”

Desde a era moderna, o homem tenta controlar os eventos da natureza para se beneficiar de alguma forma. Um exemplo clássico é a produção de luz, onde espalham-se em todo o Brasil as barragens e represas para gerar eletricidade e permitir que você assista sua novela favorita. Isso controla a quantidade de água que entra e que sai, permitindo uma maior ou menor produção de eletricidade.

Por ironia do destino natural, isso ocorre com a gente também. As transmissões de estímulos e de informações para todo o nosso corpo funciona por meio de barragens, líquidos e eletricidade. O tempo todo. E não seria diferente com a dor.

Cada neurônio tem um conjunto de micro barragens que permitem a entrada ou saída de substâncias químicas que ligam ou desligam sua eletricidade interna. Ironicamente, chamados essas barragens de canais iônicos, pois controlam a entrada e saída de íons. Lembra quem são eles? O íon é um átomo com elétrons, pura química! Ou ele “sai chegando”, ou “chega de fininho” ou simplesmente quem tem menos de 18 anos = barrado.

Ironizando a neurofisiologia da nocicepção (nosso sistema de alarme contra ameaças), duas portas principais controlam a passagem destes abusados ions: os canais de sódio e potássio. Os de sódio, grande conhecido da industria farmacêutica, “abre suas pernas” quando existe inflamação aguda e permite a entrada intensa de íons de sódio. Isso significa que teremos um sistema nervoso sensível, nervoso e irritadiço. Isso é normal, certo? Anormal é isso não mudar.

Já as portas de entrada dos íons de potássio, ajudam a controlar o “sono” e repouso do neurônio. Menos abusado, mais formal. Portanto, podemos ver que é necessário um equilíbrio entre ambos para termos um controle da atividade dos neurônios. Anormal é isso não mudar e ficar sempre desequilibrado.

Ironizando a neurofisiologia da dor (nossa famosa resposta a ameaça), essas mudanças iônicas em vários grupos de neurônios do cérebro permite que a gente tenha a experiência de sentir dor por meio de química, eletricidade, sal e água. Mas, se existe muito desequilíbrio, a tendência é manter a dor persistente. Com isso, os neurônios meio que se acostumam a ser “mal tratados”

Só sentimos dor, quimicamente e ironicamente, porque os canais iônicos “tomaram um baque”. Irônico é ver a gente estragar o que nos foi entregue de “mão beijada” pela mamãe natureza. E o melhor é ver os “canais irônicos” serem barrados no ENEM 🙂

Artur Padão

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