Uma das piores sensações é você voltar de uma consulta chateado (a) porque lhe foi dito “não posso fazer mais nada por você, pois sua dor é psicológica, vem da sua cabeça”. Frustrante, irritante e com um fio de azeite de loucura. O termo “dor psicológica” faz parte da classificação da dor de acordo com sua origem (de onde ela vem), mas é um péssimo termo a ser usado.
Ter dor psicológica significa que a dor foi provocada ou está persistente devido ao estado psicológico, ou seja, por causa das emoções à flor da pele. Sendo assim, como não se encontra uma justificativa física, se joga a responsabilidade para a cabeça. É muito comum, mas muito mesmo termos experiências de dor causadas por aborrecimentos, estresse, briga com a mãe, discussões, pela morte de pessoas queridas ou quando as emoções estão descontroladas.
Quando estudamos cientificamente o termo dor, vemos que a experiência dolorosa tem que ser física e emocional ao mesmo tempo, as vezes mais física e as vezes mais emocional. A grande diferença é que sabemos que dói no corpo, mas é difícil dizer como você se sente. É difícil dar um nome a emoção. Mas, não se assuste com a falta de tato profissional, “meio no notion”. E quando a dor vem forte por causa das emoções, o seu corpo se movimenta diferente também, porque dói.
Então, quando alguém lhe falar “a dor vem da sua cabeça”, você diz “obrigado pela aula de neurociência” ao invés de ficar chateado. Pois todas as dores vem sim lá da nossa cabeça e a ciência é nossa amiga inseparável para mostrar as perfeições da mamãe natureza.
E para ficar mais chique e científico, troque o termo dor psicológica por dor provocada por mecanismos cognitivo afetivos. Vai tirar muita onda neurofisiologica.
Artur Padão