Ela chega para uma avaliação médica. Fica maravilhada com o local, com a decoração, com a pedras tombadas como patrimônio. Chega sorridente, relatando que veio se consultar devido a uma dor lombar corriqueira. Rasga elogios a iluminação, ao espaço e aguarda sua consulta, sentada num confortável sofá e com sorriso de orelha a orelha.
Ele, chega para mais um dia crônico de trabalho doloroso. Ele avista Ela, pensando: porque tanto sorriso apesar da dor? Eis que a hora da verdade, de propósito, se fez: colocar o jaleco para trabalhar. Nunca um jaleco havia mudado o rumo da história da dor crônica…até agora.
Ela avista Ele de jaleco, e tudo muda. O sorriso, a vitalidade, os movimentos…E o jogo começa…
—> Ficar sentada passa a ser desconfortável —> É necessário passar a mão nas costas, para aliviar a dor que começou a aparecer —> Sentar de lado é a melhor opção —> E começa o “eu caçaDor de mim” —> Sentar do outro lado —> Levantar é a melhor opção —> Que comecem os alongamentos das costas —> “Preciso deitar no sofá” —> Reclamações pela demora na consulta —> Ela entra em crise de choro e de dor —> A dor vira uma emergência! —> Ele fica perplexo! Tudo isso em 5 min.
Esse “teatro” desproporcional, 8 ou 80, que vira totalmente o jogo, se chama “Comportamento Doloroso” e tende a ser exacerbado na frente de profissionais de saúde. Muitas pessoas com dor crônica adotam este comportamento, sem ser de propósito, com o objetivo para tocar a fundo o profissional de saúde com sua verdade. Se isso está acontecendo, acredite: muitos ignoraram sua dor.
Aconteceu..Virou manchete dolorosa
Conheça mais sobre o “eu caçaDor de mim” (Hipervigilância) https://dorterapeuta.wordpress.com/portfolio/hipervigilancia-eu-cacador-de-mim/
Artur Padão – Dorterapeuta