Crises de dor: A caneta no chão?

dor e cordaQuantas vezes já ouvimos pessoas dizendo que fizeram algo nada de mais e entraram em crise de dor? Simplesmente pegaram uma caneta no chão e “pimba”, crise de dor. É claro que inflamações, doenças e patologias pode ter a cara de uma crise, mas vamos olhar agora para o como o sistema nervoso interpreta essas situações.

Sendo a dor uma das respostas do cérebro a ameaça, será mesmo que um simples movimento ou tarefa, um golpe de ar ou barulhinho, uma lâmpada acesa ou fatia de bolo, podem ser tão dolorosamente ameaçadores assim?

Tudo depende do quão sensível e nervoso está nosso sistema nervoso. Por isso, devemos entender se tudo que se passa ao redor pode ser ameaçador. Devemos entender se existe alguma coisa acontecendo no corpo que possa ser ameaçador.

Nossa detecção de ameaça envolve uma série de sensores de estímulos internos, externos, de situações ameaçadoras. Quanto mais ameaças estiverem na área, maior a chance de atingirmos o limiar da dor (mínimo de estímulo capaz de produzir dor). O limiar, na verdade, não muda pois é uma medida mais objetiva. O que muda são as ameaças, mais ou menos.

Vamos lá – – Ameaças de 0 a 100%

1. passei o dia sentado trabalhando no computador (20%)

2. briguei com minha mulher por causa dos gatos (10%)

3. não dormi direito a noite (20%)

4. me irritei com o episódio de revenge (2%)

5. minha mulher (20%)

6. barulho das obras do metrô (10%)

7. claridade do dia (10%)

(chegarmos perto do limiar – estamos em 92%)

8. pegar a caneta no chão (8%) = crise de dor

Vamos acumulando ameaças, ligando mais a nossa sensibilização. E se elas continuam, os sensores continuam ligados. Por isso, a caneta no chão é a gota d`água, o último fio da corda, o final do pavio. Esta é uma das explicações para as crises de dor.

Mais do que o alívio da dor, mais do que usar analgesia, é reduzir a sensibilização. Desligar os alarmes. Boa sorte com a engenharia complexa do sistema nervoso.

Artur Padão – Dorterapeuta

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