Crônicas dolorosas 12: a culpa é da areia

dor e areiaSerá que andar na areia é capaz de ser tão doloroso assim? Sei que tem gente que adora caminhar tanto na areia fofa quanto na endurecida no mar. Mas, será possível?

O fato aconteceu numa das mais badaladas praias do Rio de Janeiro, a praia de Ipanema, berço das canções mais famosas da bossa nova e da azaração carioca.

Ela foi curtir uma simples praia, com sol escaldante e mar piscina cristalina. Mas, no meio da caminho, uma insuportável e incapacitante nos pés interrompeu seu passeio. Mal conseguia andar, mal conseguia respirar e seus pés ficaram inchados. Foi carregada ao hospital por transeuntes.

Como isso ocorreu? Alguns passos na areia e tudo muda? Uma tendinopatia? Uma torção dos pés ao mesmo tempo? Queimou a sola? Memória dolorosa? Nada disso. Fratura por estresse! Oi?

Isso mesmo! Por isso, a areia ganhou a culpa de tudo. A partir dai, a areia da praia tornou-se uma inimiga número 1, a vilã de qualquer coisa na vida. A culpada de tudo. Por isso, Ela foi proibida de andar na areia, jamais! Oi?

Até onde se sabe, fraturas por estresse ocorrem porque o osso vai sendo cutucado ao longo do tempo e não consegue se recuperar dos estresses físicos, além de uma série se outras causas. A areia, então, é a gota d`água e recebe toda a culpa.

http://www.aafp.org/afp/2003/1015/p1527.html

O medo de encarar as situações traumáticas faz parte do processo. Ninguém quer passar por isso novamente, mas encarar os traumas e medos faz parte da recuperação. Proibir é como pedir para fazer. O efeito pode ser contrário ou levar a incapacidades sem necessidade, até mesmo a iatrogenias. A culpa então é de quem proibiu e não da areia.

Artur Padão – Dorterapeuta

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