CARTA ABERTA DO PAPAI NOEL PARA A DOR LOMBAR CRÔNICA

Por muitos anos, você, minha querida dor lombar crônica, me acompanha ao longo do meu árduo trabalho de bom velhinho, inclusive quando estou lendo as cartas de todo o mundo e me preparando para o evento do ano de muitas pessoas: o natal.

Da mesma forma que muitos não acreditam que eu existo, muitas pessoas também não acreditam que você existe. Mas, sendo humano ou alienígena, eu sei que você está lá, todos os dias me acompanhando, me dizendo que a lombar existe e que estamos juntos pro que der e vier.

Tento não pensar em você, mas você pensa por mim. Sei que ficar sentado por dias e dias, por horas e horas, faz meus velhos músculos se agarrarem mais e mais em minhas juntas. Os papagaios já bicam meus nervos sem dó nem piedade, deixaram o pirata há muito tempo.

Mas, dor lombar crônica, você sabe que se doer ou não doer, a questão é cumprir minha missão, cante o papagaio ou não. Preciso entregar os presentes, para não decepcionar as pessoas. Por isso, vamos com ou sem você nas minhas costas. Não é você que me leva, e sim as renas.

Eu tento me exercitar, mas não tenho tempo. Eu tento perder a barriga, que por sinal entope várias chaminés, mas esse é meu calo natalino. Eu tento evitar a sua piora, mas suas amigas antipáticas cervicalgia e dorsalgia fazem questão de aparecer sem serem convidadas. Pois é, dor lombar crônica.

Seu eu pudesse escolher entre me dedicar ao trabalho ou a cuidar de você, já teria lhe mandado passear de rena alternativa. Mas, toda a vez que tento fazer isso, você me lembra quem manda no pedaço. E no natal, carregar peso para entregar os presentes em cada casa me alegra demais, mesmo que você tente me entristecer.

Sim, estou velho a cada ano, mas tenho o espirito “highlander”. Não venha me dizer que a velhice é sua colega. Não venha achar que somos dependentes um do outro ou que vivemos brigando um com o outro. Convivemos bem, temos nossas diferenças, mas eu sou o papai noel e você é apenas minha dor lombar crônica.

Eu quero entregar presentes baseados em evidência as pessoas que tem dor crônica. Porém, as vezes, você me cutuca tanto, que acabo embalando presentes baseados em vivência. Quando você realmente me tira do sério, os presentes saem baseados em crenças ou baseados em doenças, o que é pior ainda. Por isso, dor lombar crônica, preciso de calma e paz natalina para entregar o que as pessoas querem, o que não significa que é o melhor, certo?

Vida longa e próspera, dor lombar crônica. A verdade ainda está lá fora!

Ho Ho Ho – Ai Ai Ai

Artur Padão

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