A enxaqueca sem dor de cabeça: oi?

dor e enxaq1As ondas tsunamis ficaram famosas em todo o mundo. São ondas maiores do que aquelas conhecidas, as vezes gigantes, que por onde elas passam, devastam tudo ao seu redor. E depois de um tempo, o lugar e as pessoas tem que se recuperar do caos.

Essa mesma onda tsunami também ocorre no cérebro de pessoas com migrânea (nome científico para enxaqueca) na chamada Depressão Alastrante de Leão. Uma tsunami de alterações elétricas nos neurônios cerebrais e seus “ajudantes de cozinha” (células da glia) causa um baita curto circuito cerebral e alastra essa onda terrível. O Pai da Depressão Alastrante, o biólogo brasileiro Aristídes Leão, o Rei Leão da enxaqueca, foi o cara que descreveu esse processo no cérebro dos amigos do “topo gigio” e que depois foi visto em humanos. Essa é a crise que está por vir!

Toda tempestade seguida de tsunamis gigantes e alastrantes sempre começa por um evento anterior. Parece coisa de filme, mas o movimento das placas tectônicas é um dos grandes responsáveis por deflagrar as tsunamis. E isso não é nada diferente na enxaqueca. Em nosso doloroso caso, vários estímulos podem ser deflagradores iniciais, ou sejam, “ligam seus motores”: luz, cheiro de perfume, barulho; alimentos, estresse, exercício, álcool e um monte de outras coisas. Esse são gatilhos, que disparam o inicio da crise.

O termo “depressão” significa que houve um recuo do mar, que é um dos sinais clássicos de tsunami. No cérebro, ocorre um recuo (depressão) da eletricidade dos neurônios, o que libera uma série de substâncias químicas irritativas, seguido de uma atividade excessiva dos irmãos trigêmeos da face. Ai o bicho pega de forma neurovascular.

Depois disso, “o tempo fecha”, ou seja, a onda se forma e vai se alastrando, passo a passo, por diversas áreas do sistema nervoso desde a parte de trás do cérebro (córtex occipital) em direção a parte da frente (córtex frontal), surfando 3mm a cada minuto. É uma tsunami de eletricidade, neurotransmissores, excitação neuronal e muito, mas muito mal estar para os pacientes.  As vezes a dor vem lá por último (as vezes nem vem), como resultado doloroso do seu caminho cortical.

Após a depressão alastrante, que varreu os neurônios e detonou o cérebro, vem o período de “cabeça vazia”. É o cérebro se recuperando da crise de enxaqueca, contanto os prejuízos e solicitando doações ao seu querido humano “garoto(a) enxaqueca”, como repouso, remédio, gelo, calor ou qualquer coisa que ajude a dar conforto.

Resumindo: isso é uma enxaqueca sem dor de cabeça!

Artur Padão

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