O cérebro e a dor: nosso super designer de interiores

Arrumar a casa é o que o cérebro faz todos os dias. Não é apenas colocar os músculos e juntas no seu devido lugar. Não é apenas renovar nossas células. É um trabalho especializado, adaptável aos gostos do cliente, que ajuda a equilibrar nossos sistemas, mas que tem por objetivo preparar no corpo e mente para mais um dia de vida.

Quando o doloroso assunto é dor, nos deparamos com um cérebro programado para nos proteger, seja qual for a ameaça. O cérebro então planeja essa proteção de acordo com o que acontece dentro do próprio corpo, com o espaço ao nosso redor, com o ambiente em si, com as memórias dolorosas do passado e, claro com nosso estado emocional. A neurociência explica que várias redes neurais, ou seja, redes sociais cerebrais que conectam os “amigos”, funcionam para a dor aparecer.

Vários estudos já mostraram a influência de múltiplos aspectos no surgimento, cronificação e persistência de dores, deixando o sistema nervoso mais nervoso ainda. Aquele blá blá blá biopsicossocial de sempre, né? Entretanto, o planejamento do cérebro não contava com um pequeno detalhe: “o ambiente pode doer”. Exatamente por isso, que ter um cérebro saudável, organizado, funcional e GABAérgico (piada interna neurocientífica) faz toda a diferença para um bom controle de dor.

Mas, nem tudo são flores como parece ser. E na dor crônica, o ambiente interno (do corpo) e externo (ambiente em si ao nosso redor) “mitam” amplificando as dores das pessoas. Quem quer chegar na bagunça? E fica tudo bagunçado mesmo, especialmente em áreas cerebrais que organizam a nossa casa diariamente, como o velho conhecido cortex pré frontal e giro do cíngulo anterior.

Dor crônica é uma bagunça cerebral mesmo, elementar cara neurociência. Organizar o ambiente é possível, organizar a casa é possível, organizar as fucionalidades é possível. Existe tratamento para a dor, existe tratamento para organizar o cérebro, existe tratamento para organizar o ambiente ao nosso redor. Só não pode ser brega 🙂

Nosso cérebro é um baita designer de interiores

Artur Padão

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