Que existe excesso nos pedidos de exames de ressonância magnética em todo mundo, já sabemos. Que se gasta rios e rios de dinheiro com ressonâncias desnecessárias, já sabemos. Que o paciente quer porque quer provar que existe uma hérnia ou um problema na coluna que justifique a dor, já sabemos.
É claro que a cada 100 pacientes com queixas de dor lombar, talvez uns 5 possam ter algum problema grave que se justifica a ressonância. Mesmo assim, de nada vale a ciência mostrar suas cartas se o apostador está blefando.
Um estudo muito interessante e ao mesmo tempo triste foi publicado em 2016. Um paciente de 63 anos com história de dor lombar com irradiação para a perda direita (famosa ciática), perda de força na perna e com nervos a flor da pele foi submetido a nada mais nada menos que 12 (doze) ressonâncias magnéticas nos Estados Unidos durante 3 semanas, nos arredores da cidade “where the streets have no name”. http://www.thespinejournalonline.com/article/S1529-9430(16)31093-2/pdf
Lembre-se que em cada local, um radiologista diferente. Então, foram encontradas 49 alterações diferentes na coluna lombar deste “pobre senhor idoso”. Apenas 37% dos achados do exame foram em comum entre todos os centros. Uns diziam que tinha uma hérnia, outros falavam que tinha hérnia em tudo. As vezes o papagaio aparecia, as vezes o bico do pica pau. Resumindo: existia uma diferença de erros nos achados das imagens entre 30% a 47,5%. E cada radiologista teve uma média de 12 erros em relação aos colegas.
Então, como ajudar o senhor de 63 anos que tem “poliesculhambose” na lombar? Até onde se sabe, quem trata imagem é o photoshop.
Esse estudo serve de uma grande lição aos profissionais de saúde: não acredite em tudo o que se vê.
“Imagem não é nada, a sede (sintomas) é tudo”!
Artur Padão
tá?
e aí?
qual a solução sugerida pra isso?