Lógicas e ilógicas sobre os efeitos do exercício na dor

dor e loTalvez não exista meio de gerar mais saúde às pessoas do que se exercitar. Seja caminhando, seja dançando, treinando pesado ou remando. O exercício físico é saúde sim, desde que bem dosado.

Quando uma pessoa se queixa de dor nas costas, por exemplo, pode ficar muito receosa para se exercitar. Ou não. Tudo depende dos aprendizados em relação a isso e da forma como se encara o exercício. Podemos aprender que o exercício irá piorar a dor por algum motivo ou que irá aliviar a dor. Como encarar essa dualidade?

O ponto mais relevante das galáxias é acerta a dose. Como tudo na vida, uma dose de bom senso funciona melhor que a receita milagrosa da vovó.

A clássica “dor do dia seguinte” é um exemplo comum quando começamos exercícios novos ou quando aumentamos a dose. Isso é esperado e isso é “normal” aparecer em até 3 dias. Mas, essa é uma dor em que o corpo fica mais endurecido e alongar os músculos dói. Falta energia para se espreguiçar porque dói. Isso é juntar 1 + 1 = 2.

Já dores da semana seguinte (mais de 3 dias após) tem pouca ou nenhuma relação com o exercício em si, são fora da lógica esperada. E por isso, o profissional “desantenado” costuma “vacilar” nesta hora. E muitas vezes restrições e proibições impostas prejudicam a saúde e a melhora da dor. Isso é juntar 2 + 2 = 7.

Se uma pessoa com dor crônica nas costas piora com o exercício físico, muitas coisas vem na nossa mente sobre os motivos: o excesso de medo de se movimentar, hipervigilância sobre o que pode acontecer, crenças que associam dor a lesão (ex. hérnia de disco) ou falta de condicionamento físico. Mas, em todas elas, existe uma coisa em comum: o erro na dose.

Não se desespere. Está cheio de artigos científicos dizendo que os pacientes tem mais dor no início de um programa de exercícios. Assim que o corpo se adapta, a dor diminui. O profissional de saúde antenado avisa ao paciente que isso pode acontecer e o paciente antenado não se desespera. Isso é a lógica dolorosa fazendo efeito educativo.

Não precisamos ter dor durante o exercício. Acertar a dose faz com que os movimentos do corpo não liguem os alarmes do sistema nervoso. Crenças que associam dor a lesão, exercício, ameaça, medo e risco tem muito mais problema na hora da prescrição. Por exemplo, é totalmente ilógico um simples movimento provocar uma crise de dor lombar como resposta. É totalmente ilógico melhorar a crise de dor com um simples exercício. É lógico que não é assim que funciona. 8 e 80 = desproporção = ilógico = problema = cara da dor crônica.

Sabia que muitos modelos de exercício podem aliviar a dor a curto, médio e longo prazo. Apenas como exemplo, controle motor, anaeróbico e aeróbico, respectivamente. Só tem que acertar a dose. Pense que os vários hormônios e neurotransmissores normalmente liberados durante o exercício físico são como as várias bebidas que consumimos. Algumas nos aceleram, outras nos freiam. Algumas relaxam, outras ardem o estômago. Por isso, “saiba o que você está tomando” e oferecendo aos pacientes.

Um “boa noite cinderela” não faz parte dos planos na dor crônica.

Artur Padão – Dorterapeuta

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