Como todo mundo que sente dor já sabe, sentir dor o tempo todo faz mal a saúde. Estima-se que mais de 60 milhões de brasileiros tenham dor regularmente e por isso, existe uma tendência a chamar dor crônica de doença crônica.
É inegável que qualquer mudança em nosso estado de bem estar físico, emocional e social, pode estar associado a uma doença que desequilibra nosso corpo. Muitas vezes as doenças são acompanhadas de dor, um arroz com feijão comum entre os brasileiros (povo excessivo e pouco controlado emocionalmente).
Quando falamos da dor crônica, vemos que afeta múltiplas dimensões de uma pessoa, leva a prejuízos, incapacidades e sofrimento excessivo. Várias doenças fazem a mesma coisa. Será então que a dor crônica merece ser chamada de doença crônica?
Não, não merece. Chamar “dor” de “doença” é um erro neurofisiológico e neurocientífico de “doer”. Mas, talvez seja um grande acerto na hora de vender tratamentos.
Quando chamamos “dor” de “doença” criamos então doentes por dor. Depositamos a culpa na dor e no paciente com dor. Ao fazer isso, estamos ignorando a simples função da dor de nos alertar de possível perigo. É pra isso que serve a dor. Se dói o tempo todo, estamos em alerta o tempo todo. Pessoas se sentem doentes por causa da dor, mas isso não indica que a dor seja a própria doença.
O tratamento de doenças varia do controle a cura. “A dor varia do controle a cura”. Mas, curar a dor significa nunca mais senti-la. É ai que se “dorme no ponto”. A dor pode ser tudo o que se quiser ser, pode ocupar os espaços, definir nossa vida e perturbar como um vizinho barulhento a noite. Mas, chamar “dor” de “doença” é de doer.
Repita: “Não torne a dor o que ela não é”.
E leve este lema para a casa: “Eu não mereço sentir dor”.
Artur Padão – Dorterapeuta