É inegável que os avanços científicos e tecnológicos mostraram que está tudo mesmo no cérebro, que ele decide quando e como doer. Mas, não podemos esquecer que existem motivos físicos que favorecem as pessoas a sentirem dor, como a própria nocicepção. Quanto mais estímulos nociceptivos bombardearem o sistema nervoso, maiores as chances de doer, sem garantir que irá doer. Afinal de contas, tudo depende do cérebro né?
Por isso, a Teoria das Comportas (famoso Namorinho Ciumento de Portão), perdeu sua soberania. Não que um estímulo na periferia não possa aliviar a dor, pode sim. Mas, se explicar o alivio da dor apenas por isso, você estão estará em 1965, ano em que a Rede Globo inicia suas atividades e a britânica Lesley Langley é eleita Miss Mundo (sabe quem é ela??? nem eu)
A Teoria das Comportas irá ficar em nossos corações.
Artur Padão – Dorterapeuta
O problema dessa teoria é que muitos tratamentos ruins foram baseados nela. Como os neuroestimuladores. Na pratica, só funcionam para 50% das pessoas e saturam conforme o estimulo nociceptivo aumenta. As fibras nervosas amielínicas e pouco mielinizadas são mais lentas que as mecânicas e proprioceptivas mas hoje sabemos que os gânglios dorsais podem ser desestimulados por substâncias conhecidas como análogos vanilóides, através de injeções perineurais. Das quais, a mais conhecida e promissora é a RTX (resiniferatoxina). O grande problema é que a substância é biológica e não desperta interesse. Alie a isso a inércia dos pacientes com dor, muitos terrivelmente abalados, que não conseguem militar pelas suas causas, dependendo de parentes. O inverso acontece com pacientes HIV+, que mantém um bom estado de saúde a maior parte do tempo, podendo articular medidas de enfrentamento para impor prioridades a indústria farmacêutica.