“Quando eu era criança pequena lá em Barbacena”, papai e mamãe diziam e queriam nota A no boletim escolar. Não tinha jeito. Era isso (férias viajando) ou assado (férias estudando). Criança é criança, gosta de brincar mas tem que aprender a gostar de estudar.
E para manter o orgulho dos pais, a regra é clara!
Não tão longe de tudo isso, a ciência repete o mesmo drama da infância e adolescência, nos mostrando que existe sim uma forma de organizar e classificar os estudos científicos, de acordo com sua qualidade e também com sua “dedicação” durante o ano letivo. Para isso, chamados de Graus de Recomendação o famoso Boletim Escolar Científico, nosso querido BEC. Não, não é cannabis não. É ciência, seu pitaqueiro!
Um BEC completo, ou seja, da nota mais alta para a nota mais baixa irá variar de acordo com o que estamos estudando. Geografia, matemática ou biologia! Intervenção, diagnóstico ou prognóstico. Mas, de uma forma geral, vamos encontrar o clássico mesmo de A ao F na Prática Baseada em Evidências (PBE). O grau de recomendação é usado na PBE para classificar se os estudos podem ter um impacto bem relevante para a prática clínica diária. Quanto mais A, mais consistente e com grandes chances de viajar nas férias. Quanto mais F, mais inconsistente e inconclusivo, com chances extremas de ficar em casa estudando e sem video game.
O que significa cada nota? Vamos utilizar como exemplo os estudos sobre tratamento (intervenção):
A – “Aeee” – – “parabéns por sua conquista” – – Ex. Revisões sistemáticas homogêneas de ensaios clínicos randomizados.
B – “Bom” – – “muito bem, poderia ser melhor” – – Ex. Revisões sistemáticas de estudos de coorte.
C – “Cuidado” – – “você foi ok, não dê mole” – – Ex. Revisões sistemáticas de casos controle
D – “Difícil” – – “deu ruim” – – Ex. Estudos de série de casos ou coortes de baixa qualidade.
F – “Filho(a)…” – – “F$D@U” – – Ex. Opiniões de experts e clínicos experientes.
Nota 10 – Facebook, instagram, whatsapp e orkut 🙂
É muito importante sim estudar ao longo do ano, mas sem a neurose de pensar no boletim. Queremos sim é evoluir como pessoa, desenvolver a autonomia e auto critica, cultura, experiência e tudo aquilo que ouvimos dos pais quando crescemos. Para a PBE, um bom clínico está de olho na ciência e tem sabedoria para usar seu bom senso sempre que a orelha coçar.
“De segunda a sexta esp$#!@ na escola, sábado e domingo solto pipa e jogo bola”! Ouvir as queixas do seu paciente e usar toda a sua experiência para ajudar para que nos fins de semana possa curtir seu lazer e sua vida. Isso é o que a maioria vai fazer e não há nada de errado. E aquele algo “a mais”, nunca vai rolar? Cabe a você decidir se quer aquele “a mais” que nenhum guru vai te dar. E isso sempre vem com estudo e muito estudo. Eles vão tentar jogar o “Raio Gurumetizador” em você. E você responde: Você quer que eu seja ou F ou um A?
Sem mais!
Artur Padão