A individualidade das pessoas tem várias influências na forma de sentir e agir “dolorosamente”. Ainda é um mistério saber se existe um tipo de personalidade propensa a dor.
Certos traços da personalidade são como certos tipos de temperos. Cada um tem uma preferência, um gosto específico, dará um sabor (ou pelo menos deveria). Por exemplo, o sal é o tempero universal. “Bond, Michael Bond” (1986) salgou nossos sedentos olhos científicos com 5 traços comuns que podem alterar a percepção da dor crônica: tendência a ansiedade, depressão, traços obsessivos, histéricos e hipocondríacos.
Outros temperos apimentados (curry, páprica e pimenta) ganharam a popularidade científica para falar de pacientes “propensos a dor”, especialmente relacionado ao sofrimento crônico e rebeldes ao tratamento: pessimismo, melancolia, depressão, culpa e história de vida com violência física ou verbal, humilhações e sofrimentos associados a má sorte e a pouca capacidade de curtir as conquistas da vida.
Vários temperos juntos, misturados e mal combinados são um somatório de traços, levando a transtornos de personalidade. Existe uma relação disfuncional ou distorcida com a própria pessoa e com as pessoas ao redor, podendo levar a sérias consequências a saúde.
Transtornos de personalidade (prato do “pseudo chefe” com todos os temperos e “gosto de nada”) associados a dor crônica já foram encontrados e descritos, porém ainda são poucos os estudos:
– borderline – – pessoas instáveis emocionalmente e impulsivas, com cerca de 30% dos casos com dor crônica (achei muito alto)
– histriônica – – pessoas emotivas facilmente e dramatizadoras.
– Obsessivo-compulsivo – – pessoas perfeccionistas e controladoras, com 61.3% dos casos com dor crônica (achei alto demais).
– Narcisista – – “eu me amo, não posso mais viver sem mim”. Pouco estudado, mas está lá.
– Anti-social – – pessoas que desprezam as normais sociais e indiferentes aos outros. Pouco estudado, mas está lá.
Estas condições mostram que o arroz com feijão temperado com sazon (amor e carinho) recebe um “raio gourmetizador” que embola o “meio de campo” com diversos temperos confusos. O caldo do feijão, simples e rico, vira um “molho reduzido”. O feijão em si vira “leguminosa ricamente escurecida”. O arroz, nem se fala. Porque complicar o que deveria ser simples? “Pratos com personalidade”.
O curtidor “não entendedor” de personalidade (como eu) deve manter os olhos abertos e ouvidos preparados. E você? Quer uma personalidade temperada? Olhe nos links abaixo o que a ciência vem destemperando sobre o tema. Por favor, não se torne um “gourmetizador” chato.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2921236/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4361822/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22561049
http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11916-013-0350-y
http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11916-000-0011-9#page-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10498783
Artur Padão – Dorterapeuta (não uso raio gourmetizador)