Em meados dos anos 70, um psiquiatra ficou bastante intrigado com as queixas dolorosas de seus pacientes. Ele não imaginava que tanta gente com problemas psiquiátricos poderia ter dor lombar. Entendeu que os problemas das pessoas iriam além de algo puramente físico ou emocional e, pensando muito, propôs o modelo chamado biopsicossocial.
O termo biopsicossocial já mostra a integração de fatores biológico, psicológicos e sociais. E, pensando na dor, estes fatores se aplicam muito bem.
Mais de 45 anos depois, o modelo biopsicossocial tomou conta dos curtidores e estudiosos da dor. Todo mundo fala sobre ele, muita gente diz que trabalha desta forma, com integração completa. Será mesmo?
Muito pouco provável. Falar é uma coisa; fazer demanda muito mais energia e sabedoria. No mínimo, o modelo biopsicossicial demanda uma integração de várias pessoas, o que não acontece na prática. Trabalho em equipe não é suficiente, tem que ter integração.
O modelo biopsicossocial é lindo no papel, da mesma forma que o Sistema Único de Saúde do Brasil. Ao ser colocado em prática com a melhor das intenções, esbarramos nas políticas de saúde, nos conselhos profissionais, na cultura do brasileiro (especialmente do carioca) e na falta de interesse.
As múltiplas dimensões que podem ser afetadas pela dor (mas que não afetam todo mundo) acabam sendo deixadas de lado, infelizmente. Falta ao profissional de saúde competência técnica e habilidade para lidar com questões que não são de seu domínio, por exemplo, aspectos psicossociais.
Em uma saúde altamente especializada e específica, por exemplo, especialistas em joelho, postura, orelha e sangue, como então inserir um modelo que não interessa aos serviços de saúde? Daqui a pouco cada parte do corpo precisa de um exame e profissional, talvez uns 20, que provavelmente não conseguem falar a mesma coisa.
Por isso que o modelo biopsicossocial é curioso, mas certamente utópico. “Ser biopsicossocial” não é o que importa, e sim nossas ações biopsicossociais. No final das contas, mesmo que se entenda que a dor tem aspectos biopsicossociais, a dor continua sendo dor.
Biopsicossocial? Ilusão! Utopia! Solução para a saúde!
Artur Padão – Dorterapeuta
Olá. Sou empresaria. Terapeuta e etc
” perdi tudo ” que construí incógnita de 18 anis de dor crônica. Sendo cobaia. Descriminada. E com 40 exames, que faço, nao consigo hora no medico para mostrar. Vamos ao médico, pede outro exame. Acaba que desistimos. Hj com processo degenerativo crônico, mem sei maus o que começou primeiro. A for ou os problemas emocionais ou sociais. É como a minha vida fosse uma matéria, nivela, com vários capítulos. Imagino a população sem informações. Sem saber seus direitos. Triste.