O amor à sabedoria é uma das bases para buscar o desconhecido. E o conhecimento sobre dor é sim algo ainda desconhecido ou complexo para todos, até para os mais estudiosos. A ciência ajuda a desvendar mistérios dolorosos da nossa sabedoria, o que implica em buscar verdades boas e ruins. A partir daí, aceitamos ou não as verdades. Ou simplesmente buscamos outras, inventamos ou até mesmo adotamos o que nos faz mais sentido.
Na área da saúde, quando a ciência não é capaz (e não é mesmo) de revelar vários mistérios, começam a aparecer os grandes filósofos que ultrapassam qualquer barreira para explicar algo inexplicável, por exemplo, a dor que não melhora com nada. Alguns compram a idéia, outros não. Alguns adotam filosofias como estilo de vida, outros não. Porém, no final das contas, os pacientes com dor ficam numa mega encruzilhada. Quem tenta de tudo e mais um pouco para se livrar da dor, é quem compra essas filosofias de botequim.
Um dos mais recentes exemplos é a aceitação e negação da pílula do câncer. Com relatos totalmente opostos, sua filosofia e base científica prometia o ainda nunca alcançado: a cura. Falou em cura, muitos correm atrás e acabam na porta dos desesperados. É nessa hora que mora o perigo. E quem se dá mal é o paciente. E quem se dá bem são os filósofos da saúde, blogueiros, amigos de treino, instagirls e instaboys, e nenhum é profissional de saúde.
E na fisioterapia, moram as grandes filosofias dos dias atuais, grandes mesmo, infelizmente. E quase todas elas tem a ver com o toque no corpo. Perceber as coisas com a mão (ou palpação) é possível sim: uma região tensa do corpo, mais endurecida ou amolecida, quente ou fria. Fato! E o resto? Emoção com a mão?
Porque a pílula do câncer pode ser testada e outras terapias não? Medo de não funcionar?
E a filosofia de botequim nisso? Ah, são as teorias mirabolantes, mega audaciosas, inter galáticas que só “quem trabalha” com isso entende. Tipo, por exemplo:
– perceber o movimento dos líquidos do corpo
(não sabia que a mão era um doppler ou ultra som)
– mexer com as memórias passadas (vidente?)
– chip na mandíbula que corrige a postura (eu, Robô)
– Tensão abdominal que causa escoliose (maldito rim)
– empurrar a hérnia de disco com a mão (padre que dedo)
– terapia manual para engravidar (sem orgasmo)
Desculpe, mas não atendemos cadáver.
Ter uma idéia, pensar a respeito e ver como ela funciona na prática é muito bom. Mas, se só você entende a idéia, só você vai ver os resultados. E isso não serve para adicionar saúde as pessoas. Ou melhor, segundo a definição de saúde, promove um bem estar físico e mental por meio de um grande placebo enrolador. Ou melhor, de uma grande invenção de moda. E, graças a Deus, moda passa, mas anos depois volta. E depois passa e infelizmente volta.
Filosofar ou se exercitar? É ótimo filosofar, mas não se deixe ser enrolado por filosofias de botequim da saúde. Se exercitar é saúde. Se exercitar é sim adicionar saúde global a uma pessoa. E quem tem saúde em dia, não tem dor persistente.
Vamos valorizar o que o Brasil tem de bom. Grandes profissionais e grandes pesquisadores (mesmo com pouco incentivo e verba).
Artur Padão