Dor nas costas: abre ou mantém fechado?

A constante briga ou disputa para se escolher o tratamento do paciente cria muitas vezes as escolhas baseadas em “óleo de peroba”. E os profissionais ao estilo “óleo de peroba” se aproveitam dos momentos de fragilidade e sofrimento do paciente para vender um peixe tipo salmão sem ser salmão.

O excesso de tratamentos desnecessários apenas aumenta os custos com serviços de saúde, aumenta as incapacidades dos paciente e desvaloriza outros potenciais tratamentos que são mais eficazes no alivio da dor e recuperação funcional.

Em uma saúde dita multiprofissional interdisciplinar e vendida desta forma, é inaceitável a escolha por procedimentos cirúrgicos sem um tratamento conservador prévio. É claro que cerca de 10% dos problemas nas costas são situações graves e necessitam de correções menos conservadoras. Mas, o restante está sujeito ao estilo baseado em óleo de peroba.

Traduzindo em dolorosas palavras, um dos principais hospitais privados do Brasil publicou os resultados de um temido, polêmico, mas bem realista estudo em seu serviço de tratamento para dos nas costas. Foi encontrado que a correta indicação de tratamentos para a dor nas costas, comparando cirurgia e conservador, é capaz de reduzir drasticamente os custos com tratamentos desnecessários – http://www.scielo.br/pdf/eins/v11n1/a18v11n1.pdf

Outro exemplo impactante é comparar a fisioterapia com a cirurgia de artrodese lombar, onde foi visto que ambas tem resultados similares a longo prazo em pacientes com estenose de canal lombar (quando dá zebra na coluna) – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25844995

Mas, por que será que isso não acontecia antes? Falta de treinamento profissional? Poder da palavra final? Óleo de peroba? Culturalmente aqui no Brasil sempre deixamos a peteca cair antes, ao invés de manter a peteca no jogo.

Enfim, isso já é “conversa de botas batidas” só que com óleo de peroba. Então, abre quando tiver que abrir e mantém fechado quando for para manter fechado. E quem decide? Quem vai receber, claro. Entregar o corpo nas mãos do terapeuta é deixar o outro decidir por você. Na dúvida, uma segunda opinião é sempre bem vinda (sem ser google ou yahoo respostas)

Artur Padão

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