A maneira como diversos estímulos são codificados no cérebro vem mexendo com as cadeiras de grandes pesquisadores. De uma forma geral, vamos chamar “estímulos” de “informações”. Então, temos 2 grandes grupos de informações: nociceptivas e as não nociceptivas.
Informações nociceptivas são “estímulos não condicionados”, ou seja, não existe uma condição especial para que estas informações possam produzir dor. Apesar de sabermos que informações táteis, térmicas e químicas (estímulos nociceptivos) são normalmente associadas a dor, não é garantido que a dor seja provocada frente a essas informações. Portanto, são as cervejas tradicionais (baratas, não abrimos mão, mesmo sendo de milho).
Informações não nociceptivas são “estímulos condicionados”, pois coincidem ou se antecipam as informações nociceptivas. Informações / eventos multisensoriais e significativos, como esses, são os que conhecemos como propriocepção, temporais, espaciais, visão, olfato, audição. Estes normalmente não produzem dor. Estas, são as cervejas artesanais (caras, não abrimos mão, odiamos as de milho).
Conhecendo estes 2 grupos de cerveja, podemos então perguntar: o que isso tem a ver com a precisão ou imprecisão do cérebro?
A qualidade e a quantidade da cerveja que você bebe irá determinar o seu estado e se isso irá se generalizar ao redor do bar. “A precisão de informações multisensoriais codificadas e representadas pelo cérebro, que ocorrem em eventos dolorosos, irá determinar a maneira e a intensidade com o qual as respostas dolorosas subsequentes irão se generalizar a eventos semelhantes”.
O consumo de cervejas de qualidades diferentes (tradicionais—nociceptivas e artesanais—não nociceptivas) ao mesmo tempo, passam a produzir respostas condicionadas. Traduzindo isso para a linguagem neuronal dos Curtidores: por causa dos processos de aprendizado associativo, os estímulos condicionados passam a produzir dor (resposta condicionada). Se as informações chegam de forma generalizada, sem coordenação e sem precisão, a dor terá uma intensidade mais elevada e as respostas dos sistemas de proteção (ex. motor, neurovegetativo, endócrino…) serão excessivas. Movimentar o corpo, sentar-se, ver as coisas, sentir o cheiro, ouvir abobrinha…tudo isso passa a produzir dor. Tudo isso significa um cérebro impreciso…e um estômago pedindo arrego.
A dor crônica tem mostrado um estado de “imprecisão do cérebro”, não só pelo entendimento neurofisiológico, mas também pelo que observamos nas pessoas com dor crônica: mudanças na coordenação, tempo de reação e controle motor do movimento; dificuldades no reconhecimento da lateralidade e tamanho dos segmentos do corpo; estímulos não nociceptivos produzindo dor; mudanças no equilíbrio; mudanças na capacidade visual e auditiva. Tudo isso mostra um cérebro impreciso…e um estômago pedindo arrego.
Como podem as cervejas artesanais fazerem parte do mesmo patamar das tradicionais??? “Te Amo…ao persistirem os sintomas, o álcool deverá ser consumido” Simples assim!
Artur Padão – Dorterapeuta