Hum, evitação: subterfúgio, escapatória, desculpa, astúcia, escape, evasão, escapula, saída, escapadela, fugacidade, tergiversação, esquiva, desvio, furtadela ou simplesmente não fazer. Isso é o que significa evitação. E quando estudamos dor, ficamos as vezes tão focados sobre como nosso sistema produz dor e as vezes “evitamos” conhecer as forças naturais humanas para fugir das ameaças.
Quando experimentamos dor (seja lá qual for o motivo), usamos nossas experiências passadas e nossas crenças para agir frente a dor. Normalmente, agimos de forma automática, sem pensar muito. Simplesmente vai. Mas, quando a dor persiste ou não queremos sentir mais dor, passamos a evitar atividades, situações, estresses, movimento, encontros e desencontros.
Estudiosos dolorosos fizeram um modelo em 1983 (eu já havia nascido) para explicar isso, seguindo 2 caminhos possíveis a partir de uma experiência dolorosa: encarar de frente ou não encarar, ou seja, encontro ou desencontro, ou melhor, confronto ou medo/evitação. Se existe confronto, a tendência é se recuperar bem. Se existe receio, a tendência é evitar a atividade, se sentir vulnerável, reduzir o nível de atividade e ficar potencialmente dolorido.
Mais do que oferecer analgésicos para aliviar a dor, é oferecer segurança e uma chance de se recuperar bem. Orientar mal o paciente é dar chance para o bandido e evitar passos adiante.
Mais do que oferecer alivio da dor, é garantir ao paciente o que estiver ao seu alcance, mesmo que a dor não vá embora. Reduzir a evitação, ou seja, aumentar o confronto e segurança, vai colocando a vida de volta no seu devido lugar. Isso sim é manejo da dor.
Artur Padão