Décadas e décadas se passaram, e o tratamento para a dor lombar continua um mistério. Não se gasta tanto dinheiro em tratamentos como para a dor lombar em todo o mundo, especialmente ao grupo que chamamos de inespecífica. Dor lombar inespecífica significa “não sei de onde vem, só sei que dói na lombar”.
A dor lombar recebeu o oscar da condição mais incapacitante da atualidade, mas está ali páreo duro com a depressão. Isso mostra que o problema “dor lombar” persiste e aumenta anualmente, como uma epidemia sem controle. Mas, é interessante notar que existem muitas, mas muitas opções de tratamento disponíveis. É só escolher a sua. Se vai funcionar, é outra conversa de botas batidas.
Incapacidade e dor pode estar bem próximas, mas nem todo mundo com dor tem incapacidade. E vice versa. Por isso, muitas vezes, olhar para a função é mais importante do que para a dor. Valorizar o ganho de função (foco) tem melhores resultados de uma forma geral do que a pura analgesia. Isso, no meu entendimento, é a cara do fisioterapeuta. Analgesia? Use um analgésico. Ganho de função? É com o fisioterapeuta.
Toda a vez que existem muitas opções de tratamento para o mesmo problema, entende-se que não se sabe tanto assim. Observa-se que apenas 40% dos tratamentos para a dor lombar (talvez esteja sendo fofo) realmente são eficazes. Opções que variam desde bolsa de água a cirurgia para um mesmo problema, não podem ser tão confiáveis assim.
Todo mundo tem resultados incríveis com seus tratamentos baseados em evidência, experiência ou vivência baseada na prática. Use um subgrupo, classifique o paciente e escolha um tratamento. Grande chance de dar certo se você foi criterioso. Escolha o que o paciente quiser fazer, pois ele se dá bem com isso, vai certo também (grande chance). Ou não escolha nada, espere um pouco e também deve rolar. Ou nada disso. Mistério.
Enquanto isso, os governos mundiais e os pacientes gastam uma quantia considerável de dinheiro para mudar o rumo de sua dor lombar. Começo a acreditar cada vez mais que o paciente que te procura, pode melhorar mais pela relação construída (terapeuta x paciente) do que com o efeito específico de uma técnica ou modalidade de tratamento.
Talvez sim exista um futuro mais consistente para o tratamento da dor lombar. Uma opção bastante promissora é a escolha por meio da classificação de subgrupos, inclusive está ajudando muitos colegas a escolher melhor seus tratamentos. Mas, tem gente que não está nem ai para isso e continua ajudando os pacientes de forma positiva.
Não é a evidência que faz a prática e nem da prática que se faz a evidência. É o que você escolhe, no final das contas. Seja baseado em evidência ou vivência!
Artur Padão – Dorterapeuta