Nada como um estalo ou “estralo” numa junta para transformar um evento doloroso em alegria extrema. Para ambos. O paciente se sente de volta no lugar e o terapeuta tem seu “trabalho feito”.
Será mesmo que estalar a juntar coloca tudo no lugar? O fato é que colocar juntas no lugar parte-se do pré suposto que elas estão fora. Algo fora do lugar é visto como desequilibrado, torto, empenado, desconjuntado e potencialmente ameaçador. Claro né, quem quer ter o corpo de cabelos em pé?
São entendimentos distintos para uma mesma situação, que não é patológica ou lesional. Não é luxação ou subluxação. É só uma simples e humilde “vertebrinha” fora do lugar, né? Na verdade, é um momento de bate papo para entender o que o paciente entende sobre seu problema. Crenças amigo (a), crenças.
Quer exemplo mais “fora do lugar” do que a escoliose? Até onde se sabe, ninguém coloca escoliose “back to business” com “estralo”. Se o paciente se sente assim, então provavelmente vai querer alguma intervenção que provoque esse efeito. Cabe ao terapeuta entender se isso realmente será benéfico fisicamente, psicologicamente ou socialmente. Quer um exemplo social? “Poxa, como estou desentortado, agora posso ir passear no shopping”.
Cuidado com célebre frase que sempre ouvimos nos filmes de bruxaria: “o feitiço pode virar contra o feiticeiro”. Não seja um Harry Potter. Seja um terapeuta que estala, que coloca as coisas no lugar, mas não necessariamente no mesmo lugar com um simples estado de dedo.
Artur Padão – Dorterapeuta