De 6 a 11 de outubro de 2014 rolou o Congresso Mundial de Dor em Buenos Aires, organizado pela IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor). Este é um evento multiprofissional, com clínicos, pesquisadores e adoradores do estudo da dor.
Falou em Buenos Aires, pipocam brasileiros de tudo quanto é lado, e não seria diferente por lá. O Brasil teve a segunda maior delegação e foi o segundo em trabalhos submetidos. Brasileiro tem cara de brasileiro, não adianta virar o crachá.
Dois temas centrais bombaram: dor neuropática e neurociência da dor.
Passeamos por diversos mecanismos que justificam a dor neuropática, bem como novos modelos de avaliação (especialmente sensorial) e tratamento (sem muitas mudanças). Interessante observar isso, pois a ultima revisão que li em 2014 sobre dor neuropática apontava uma prevalência de 8 a 10% da população mundial contra 30 a 40% com dor crônica musculoesquelética. Esquisito, estranho, bizarro! Remédios caros, tratamentos intervencionistas caros, cheio de cacique…será????
A neurociência da dor vem ai pesado com estudos muito interessantes, especialmente que mostram uma incoordenação ou imprecisão da neuromatriz. Várias apresentações pareciam o propaganda política no Rio de Janeiro: repetitiva, cansativa, mas muito engraçada. Todos nós já sabiamos que um curto circuito cerebral é parte do problema DOR, mas agora os estudos vão lá no fundo, onde nenhum neurônio jamais esteve.
Outra preocupação foi com modelos de educação em dor, para pacientes e profissionais. Fatores psicossociais nem se fala. Acho que isso vai entrar de sola em 2015.
Outra parte super legal, até melhor que as apresentações, são os mais de 1400 posters de todo mundo. Isso sim é acompanhar a ciência da dor e saber que os pacientes são iguais em qualquer lugar do mundo.
Então, conclusões finais:
– exercício físico alivia a dor, basta insistir direito!
– tudo é culpa do cérebro e tudo é biopsicossocial
– nervos estão a flor da pele
– toque na pele alivia a dor, basta saber tocar direito!
– o mundo usa remédios para a dor o tempo todo
– o fisioterapeuta brasileiro pode mais do que imagina
– buenos aires é muito bom
– yokohama 2016
Aos amigos brasileiros que mal encontro no Brasil, see you in Yokohama 2016!
Artur Padão – Dorterapeuta