No Congresso Multidisciplinar da Dor SINGULAR SOBRAMID tive a dolorosa missão de apresentar por 2 vezes o tema avaliação do paciente com dor. Essa sim é uma missão dada, mas que provavelmente não foi cumprida. E porque?
Qualquer processo de avaliação, mas puxando a brasa para a sardinha fisioterapêutica, é um processo de julgamento pessoal e intransferível (quase todas as vezes). Em teoria, temos início, meio e fim. E uma das coisas que mais aprendi ao longo do tempo trabalhando com dores crônicas é que a avaliação da fisioterapia tem início, meio e fim…“to be continued”! A avaliação continua toda sessão, a cada 2 semanas, de mês em mês, por ai vai. Em estudos, olha os follow ups seguindo ao longo do tempo por mais de 1 ano.
Avaliar é uma arte que pode ser aprendida. Avaliar é uma arte pessoal de julgamentos. Na fisioterapia, a avaliação da dor é como avaliar um cantor e no primeiro contato, é apenas por sua “voz”, como no programa The Voice. Na música “só de voz”, o que julgamos?
– qualidade – – timbre, tom, vibrato, falcete
– intensidade – – altos e baixos
– tempo – – duração e encaixe com a banda
– frequência – – melismas, pausas
– fatores que aumentam – subir o tom, encaixe com refrões
– fatores que aliviam – – cantar baixo
– incidência – – como a música começou
– gravidade – – impacto do som
– comportamento – – impacto na voz
Mera coincidência ou também avaliamos as mesmas características nos pacientes com dor? Mesmo sem conhecer sua dor e seu corpo!
Como no programa The Voice, a cada etapa, o fisioterapeuta vai conhecendo outras dimensões da experiência da dor e, claro, das funcionalidades do dia a dia, que é a praia de copacabana dos fisioterapeutas. E se conseguirmos seguir adiante com qualidade e adesão, a tendência é alcançar as metas (não da Dilma). Desde a primeira avaliação nas audições às cegas até a final, que é a alta do tratamento, estamos avaliando o desempenho funcional do paciente e como a dor tem suas andanças no corpo, mente, espirito, dia a dia e vida.
Não o bastante, como o The Voice evoluiu ao longo do tempo, os modelos de avaliação também. Hoje as tecnologias agregam valor os julgamentos clínicos e facilitam a vida dos fisioterapeutas, como nos dispositivos móveis, instrumentos clínicos, trazendo também os modelos experimentais para a prática clínica.
A avaliação é julgamento o tempo todo, não tem jeito. Eu julgo e tu julgas. Julgar sem conhecer é chutar sem ter bola. Sendo assim, precisamos estudar mais sobre dor, mais sobre o papel da fisioterapia. No final das contas, o paciente quer um martelo que bata na mesa e eu preciso como tu também precisas estar ali bem ao seu lado e novamente julgar o resultado da avaliação.
Avaliamos então para estimar a dor do outro e oferecer um potencial resultado, como no The Voice. E, como no The Voice, sempre teremos resultados esperados e não esperados, resultados bons e ruins, resultados simples e complexos, pacientes sintomáticos e assintomáticos.
Artur Padão
a superacao da dor eh cantar sentir e dizer eu aguentodepois de uma distencao muscular grave sosuperei a dor por me amar muito e meus nerorecepitores fechados e dizendo pra eu mesmo nao estou com dom dor