Se a dor está presente, quem vai querer assistir a novela em paz? E o filme no cinema? E o bate papo com os gatos em casa? A dor é capaz de tomar toda a nossa atenção, ganhando um foco “doloroso” e guiado pela sua intensidade. Fica difícil ter atenção a outra coisa.
*Como a dor tira a nossa atenção?
O foco na dor pode mudar nosso raciocínio lógico, nossa capacidade de memorizar as coisas e até parece que vemos a própria dor. Apesar de muitos conseguirem prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo, a dor detona essa nossa capacidade.
Parece que várias áreas do nosso cérebro ligam como uma árvore de natal, especialmente aquelas relacionadas com os nossos sentidos (visão, audição). Um amigo ainda desconhecido de muitos chamado sulco intraparietal, que modula as informações sobre o espaço ao nosso redor, também dá as caras.
O espaço…a fronteira final…onde podemos explorar um mundo ainda desconhecido e potencialmente doloroso. É só pensar na qualidade musical produzida atualmente no Brasil: funk ostentação, sertanejo, pseudo rock…todos querem focar nossa atenção. Só que não!
*Como resolver esse impasse entre dor e atenção?
Reduzir a dor modifica a atenção – um estudo brasileiro mostrou que crianças em uso de remédios profiláticos para enxaqueca tem menos dor e mudam a atenção em relação a dor. Ou seja, mandam a dor pra “cucuia” e abraçam novamente qualquer outro foco…sem ser a dor.
http://jcn.sagepub.com/content/early/2015/08/27/0883073815601498.full.pdf?ijkey=lFAJu1Ts7JBUims&keytype=finite
Distração é um ótimo remédio – modificar o foco, ouvir música, meditar, ler, se exercitar, jogar video-game, passar o dia no whatsapp ou bater um papo com um amigo imaginário fazem você ter menos dor. Sabia?
http://www.utwente.nl/bms/cpe/en/Employees%20CPE/Lubbe,_van_der/Research/Pain_and_attention_new_EN/
*E quanto mais distraído, menor a dor? Não sei, mas passar o dia ocupado tira a atenção da dor, mesmo que seja no celular.
Artur Padão – Dorterapeuta