O fenômeno de centralização da dor, descrito por Mckenzie, ocorre quando a dor deixa de ser espalhada para pernas ou braços e se concentra ou se centraliza próximo da coluna. Os movimentos do corpo são responsáveis por causar esse fenômeno, que está intimamente relacionado a abertura e fechamento da passagem dos nervos da coluna.
Qualquer evento que possa ameaçar nossa integridade, dispara um alarme “sonoro-silencioso”, que nosso sistema nervoso conhece como sensibilização. E uma das respostas a essa ameaça é sentirmos dor. Nervos esticados ou comprimidos podem representar uma ameaça de lesão tecidual e nosso cérebro dispara dor para nos proteger.
Quanto mais sensível e nervoso, mais dolorido estará o sistema. Características comuns que chamam nossa atenção para a sensibilização são as dores que se espalham pelo corpo, que migram de uma região para a outra e que pioram do nada. Portanto, se temos uma dor que se espalha menos, que dói menos, que é mais localizada e que muda sua característica, então SIM! A centralização da dor significa a redução da sensibilização do sistema nervoso.
Mas, não só o movimento do corpo pode influenciar a sensibilização, que neste caso está associada a irritação tecidual (primo do garoto enxaqueca). Luz, som, cheiro, alimento e temperatura podem irritar o sistema nervoso. Então SIM! Mais centralizado, menos sensível.
Como seria essa relação entre dor aguda e crônica? É provável que a centralização da dor seja “mais rápida” nos casos de dor aguda, apesar da irritação tecidual ser mais frequente. Aparentemente o alarme está funcionando bem. A sensibilização ocorre, porém não modifica a estrutura e função do sistema nervoso. Já na dor crônica, penso no oposto, pois o alarme se mantém ligado.
Então curtidores. Minha aposta é 2 x 0 a favor centralização significar a redução da sensibilização do sistema nervoso. Mas, os jogos apenas começaram. Esta foi apenas a primeira batalha.
Artur Padão – Dorterapeuta