Uma, duas, três ou mais. Até mesmo em todas as partes do corpo. Estamos falando que é possível ter mais de uma dor e de formas diferentes. Isso é comum. Isso é crônico. Isso é doloroso.
O nosso sistema nervoso é capaz de separar cada dor que sentimos e você, que é a pessoa que sente a dor, é capaz de dizer, com os mínimos detalhes, como a dor é, o que piora, o que melhora e o que fazer a respeito de cada dor. Então, podemos ter várias dores ao mesmo tempo.
Mas, como o sistema nervoso é capaz de “segurar esta onda”? Lá dentro da nossa “cachola”, um conjunto de áreas se conecta entre si, como se fosse uma rede / mídia social de “amigos” que interage em prol da experiência dolorosa. E cada dor que sentimos é apenas uma rede formada. Se eu tive várias dores na minha vida então tenho várias redes no meu cérebro, da mesma forma que temos diversas redes de conexões entre amigos no facebook.
Uma, duas, três ou mais dores? Uma, duas, três ou mais redes neurais no cérebro. E se você e seu cérebro dão importância a uma das dores, então sua rede é saliente, ou seja, mais importante naquele momento (pêra). Se a dor mudar, então a rede saliente também muda (uva). Mudou novamente, nova saliência (maçã). E se todas as dores aparecem ao mesmo tempo? Salada mista!
Posso ter quantas dores quiser, do meu jeito, à moda dos nervos, à moda dos músculos, à moda do sistema nervoso em curto circuito. E o que tem de especial na rede neural? Tudo! Movimento, memória, sensações, emoções, nossas crenças, cultura, religião e também dor quando necessário (Uma, duas, três ou mais).
A minha dor de ontem, pode ser diferente de hoje e amanhã saberemos o que vai ser da dor. Só sei que quanto mais importância damos a própria dor, mais espaço ela ocupa em nossas vidas. Quem manda é a dor ou você?
Artur Padão