Ficar atento a uma determinada situação, é uma das várias reações que ocorrem diante de uma ameaça. Morar em Copacabana, por exemplo, garante a hipervigilância o dia todo.
A vigilância pela dor é algo fisiológico. As atenções se voltam a dor, ao que pode aumentar e ao cuidado com a região dolorida. Evitar determinadas atividades é normal para podermos cuidar do que está provocando dor.
A hipervigilância pela dor é um comportamento considerado anormal, ou seja, a atenção excessiva dada a dor garante o foco na dor e nos eventos que podem aumentar sua intensidade. Isso se torna constante, o dia todo e em tudo.
Para identificar se uma pessoa com dor crônica ou persistente está hipervigilante, “pain attention” a alguns detalhes para identificarmos o “Eu, caçaDOR de mim”.
1. Falar sobre dor é fácil: O foco em tudo está na dor, desde coisas simples como vestir-se assistir um filme, como trabalhar, sair de casa e até mesmo nas relações sexuais. A dor pertence a rotina e talvez, não exista pensamento sem dor.
2. Cutucar o corpo: o tempo todo existe uma busca pela dor no corpo, passando a mão na região dolorida, apertando pontos de dor, as vezes provocando dor em busca da verdade dolorosa. Esta caça a dor domina a rotina diária.
3. Corpo em bloco: Movimentos do corpo que deveriam ser naturais se tornam restritos. Por exemplo, ao dobrar o corpo para frente, podemos não observar flexão lombar. Na verdade, o paciente pode não querer que isso aconteça por achar que a dor vai aparecer. Então, a “evitação controlada” de certos movimentos pode ser observada.
A hipervigilância é um alto nível de ansiedade, provocado pela expectativa sobre quando a dor vai ou não aparecer. Por isso, como não se sabe a fonte, se mantém a proteção excessiva, se mantém o alerta vermelho. Olhos bem abertos, foco na ameaça em potencial, corpo preparado para reagir e dor em potencial.
Cortar esse comportamento pela raiz é a prioridade, não o controle da dor diretamente. Conversar não morde! Olhar não mata! Analgésico não resolve!
Hipervigilância? Caçar a dor pelo comportamento e não pela dor.
Artur Padão – Dorterapeuta