UMA CORRIDA VELOZ COM A NOCICEPÇÃO

A nocicepção é o nosso sistema altamente capaz de identificar estímulos e situações perigosas. Por isso, precisa ser eficaz e transmitir rapidamente as informações (estímulos) nocivas, de perigo ou ameaça ao sistema nervoso. Antes mesmo de você soltar o “Ai” ou “Ui”, a nocicepção já levou essas informações em alta velocidade até a medula, a qual sentiu que o bicho estava pegando e resolveu agir por si própria. Reações apropriadas como os reflexos de retirada, passar a mão na região ou simplesmente não fazer nada são comuns em nosso dia a dia. Isso antes mesmo do cérebro ficar sabendo.

Como o estímulo chegou lá? Qual a velocidade marcada? Bateu o recorde?

Para entendermos melhor, vamos comparar as velocidades de transmissão de nossas fibras nervosas (fios elétricos) nociceptivas: as fibras C e A delta.

– Fibra C: tem uma velocidade de transmissão tão lenta, mas tão lenta, que nós andamos mais rápido que ela. Sua velocidade fica entre 1,8 a 7,2 km/h. Enquanto o estímulo está chegando na medula, já terminamos o açaí. Por isso, quando falamos de dor, a sensação dolorida que fica por lá, que é difusa, mal localizada e continua por lá, tem o envolvimento da Fibra C nociceptiva pela via espino-reticulo-talamica. Ou também a fibra “LesmaCHIP”.

– Fibra A delta: é a mais rápida dentre as nociceptivas, sendo que o Usain Bolt (corredor 100m mais rápido do mundo) não é páreo. Tem velocidade entre 43,2 a 108 km/h, como se fosse uma lambreta ou moto de baixa cilindrada. Essa informação nociceptiva chega mais rápido para alertar a medula sobre o perigo real e imediato, associada as respostas rápidas a ameaça e tem como via a espino-talâmica.

Os outros dois tipos de fibras nervosas, A beta e A alfa, não fazem parte do leque de opções nociceptivas, mas podem desempenhar um importante papel na dor.

– Fibra A beta: a ferrari do sistema nervoso, pode chegar também a velocidades dos aviões entre 126 a 270 km/h. Responsável pela sensação de toque em todo o corpo, a Fibra A beta pode mudar sua forma de funcionar e participar do processamento de informações nociceptivas e dor persistente. Isso é comum em lesões no sistema nervoso e na dor crônica, produzindo a chamada alodinia. Portanto, o toque na pele passa a ser perigoso.

– Fibra A alfa: a mais rápida de todas, pode chegar entre 288 a 432 km/h, quase a velocidade de grandes aviões durante a decolagem. Normalmente, estas fibras levam informações proprioceptivas. Porém, bem recentemente, tem se atribuído um papel importante na persistência da dor pois acabam sendo interpretadas como estímulos generalizados, entrando no bolo de outros estímulos sensoriais.

E a dor? Qual a sua velocidade de transmissão? Na verdade, a dor é uma projeção cortical, por isso não é transmitida. Mas, pode aparecer em milionésimos de segundo a vários segundos após um evento.

Artur Padão

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